segunda-feira, dezembro 13

Sicofantas: um retrato de quem somos.



Sicofantas!? Na verdade, o que é sicofantas e o que tem haver com o nosso retrato?

Uma palavra bastante enclausurada em nossos dias, quando mais o seu sentido para aqueles que se enquadram nesse contexto. Sicofantas é uma palavra de origem grega e talvez, dependendo do contexto em que é aplicada, pode se aproximar do que consideramos “salafrário”, “caluniador”, “hipócrita”. Mesmo sabendo dessa etimologia, é necessário recordarmos seu emprego na Grécia Antiga, assim, poderemos entender o quanto essa palavra, aparentemente vazia, pode significar, ou mesmo, retratar quem somos no mais profundo âmago do nosso ser.

Antes de tudo não devemos esquecer, que falar em Grécia Antiga é trazer a memória um dos maiores impérios já vistos no mundo, com seu poder e glória. É falar no berço dos pensamentos filosóficos e na civilização que conquistou. Transladou limites e se colocou, entre tantos outros povos, como superior. É, portanto, falar dos grandes poemas de Homero, é falar de Esparta e Atenas, falar de Alexandre, O Grande. Falar em Grécia, contudo, lembra também, como se comportavam os sicofantas.
Os donos - pessoas ricas, aqueles que na Grécia tinham algo, possuiam poder e autoridade para ditar as regras, como reis - de grande terras tinham, na maioria das vezes, pomares de frutos, principalmente de figos. Contudo, havia o medo de que os pobres que andavam pelos campos roubassem os frutos de suas plantações. Para tanto, colocavam um lacaio para guardá-los, os quais quando um pobre, uma mulher, crianças, jovens, pegava algum fruto, punha-se a gritar: “ladrão”, “pega!”. Esse era o sicofanta, o indivíduo que tinha o papel de gritar em defesa do fruto se seu senhor, um lacaio a serviço dos mais favorecidos, daqueles que poderiam oferecer algo de valor. Enquanto os outros, que não tinham nada, e que procuravam algo para sobreviver - como os frutos - e os sicofantas vendo, saiam a gritar. Parece à primeira vista nos ser tão distante esse fato, mas pelo que temos presenciado ultimamente, é o que de mais atualizado os jornais tem dado conta e temos visto.

Quantos estão aí, fazendo papéis de sicofantas, dizendo que fazem o bem, que atendem aos interesses igualitários da povo. Mas que, na verdade, atende aos desejos daqueles que tem algo a oferecer materialmente. Esperando, como o lobo do chapeuzinho vermelho, sua preza para arrebanhar. Falam do povo, de nós, que fazemos tudo errado, por um motivo x, etc. Que precisamos de ajuda, porque fazemos coisas erradas, e que, por final, não conseguimos nada na vida por vivermos assim e não daquele jeito, etc. E nisso chamam tantas pessoas de fora, de segmentos estadunidenses. Como fazem os sicofantas, ao verem alguém pegando as frutas, chamam seus donos. Assim, também o fazem, ao falarem do povo, dizem que as soluções dos problemas podem vir somente se aceitarmos a ajuda dos outros. Sendo que a verdadeira solução, seja em qual contexto e lugar, deve emergir, primeiramente, daqueles que sabem e convivem com o problema de perto. Somente aqueles que padecem podem achar a solução, mesmo que isso seja um trabalho árduo. E não aqueles que vivem praticamente em outro mundo e espaço, alheios a verdadeira realidade. E, infelizmente, quando se deparam com as pessoas pegando os frutos (Que , na verdade, são as pessoas tentando achar a solução de seus problemas), querem culpa-las, e dizer que "não é dessa forma que você vai conseguir, mas do meu jeito." Logo gritam por seus donos e, pronto, está resolvido o problema. Será que os problemas acabam dessa forma?

Deveras vezes temos feito papel de sicofantas, precisamos abrir nossos olhos e deixar que as escamas caiam de para ver a realidade que não queremos ver ou simplesmente não interferir.

Alan Ricardo

quinta-feira, dezembro 2

Talvez não me esqueça de ti.

Acordei com olhos de vidro por conta de vós. Chorei solenemente lembrando que minhas idéias não se tornaram invento da vontade. Pra mostrar que sonhei em te carregar na sexta de minha lambreta cor de amarelo. Caminhar de mãos dadas te exibindo pela rua sempre ao sol sem que minha pele se bronzeasse mais. A tristeza é grande. Começo a ter o sentimento que por esses instantes de minha vida estive morto. Vós, minha morena de colo. Como isso pôde acontecer. Soluço e as lágrimas escorrem fazendo o suficiente para que tudo se transforme num desconforto agonizante. Confesso-te que minhas idéias não eram reais e que de repente possa ter exagerado.

Olhe-me nesse chão verde e não se esqueça do que vê. Esse meu desespero foi por causa de você morena linda. Sou negro sei. Nem por isso negar-me é o melhor. Poder-te-ia chamar de negra de luz todo santo dia. Trazer banana no cacho quando vós pedirdes. Caju maduro e doce do manguezal. Melado e camarão fresco. Era vós a deusa das minhas ilusões. De tão negra branca. Do nariz tão grande que me emociona.

Ó morena deusa, tem certeza que vai mesmo? Como me dói negra, saber que vai e não voltará. Não adianta tentar me levantar e dizer tudo isso por conta de que nada vai mudar. Nem vou permitir-me tocar vossa pele com cheiro de rosas para dizer adeus. Mesmo que saiba no que me tornarei tenho certeza que não te abalarás. Vai, pois te amo. Vou correr daqui a pouco depois de não te ver pra poder exercer a liberdade que chegou já faz tempo. Demonstrar pra mim mesmo que posso encontrar outra deusa.

Vou nutrir vossa aparência em minha cabeça como a negra dos sonhos que me fez amar. E chamar pra ti um amor justo. Depois do sacrilégio dos próximos dias vou banhar no riacho perfumar-me e correr pro centro ver os lugares que nos amávamos e víamos o povo feio do bairro. Vai, pois te amo e se isso é o melhor pra ti, logo concordo e mando que corra em busca do que te faz feliz.

Só não permita que lhe fuja da cabeça minha feitura e meus sentimentos por vós. Guarde bem tudo o que digo e volte de onde vai sempre que quiser sentir, ver e tocar. Estimo-te mais do que pensava. Chorarei por mais meia hora e não me lembrarei do fato de que já se foi. Ensaiarei novas idéias. Vai...

sexta-feira, novembro 19

Do que temos medo?







Diariamente, a definição de medo está ou tem recebido uma expressão pejorativa, “aquele que tem medo é inferior, “Homem que é homem, meu filho, não tem medo”. O medo em qualquer lugar é tido como um sentimento para pessoas fracas, porque somente aqueles que são ditos fortes, não tem medo de “nada”. Contudo, deve-se perguntar, antes de considerar o medo, seja para fracos ou para fortes, de qual medo se trata. Ou então, medo de quê?

Numa linguagem freudiana; medo da castração? Medo de ser morto, preso, de morrer de fome? Medo de não ter? Medo de não ser? Medo de não ter um trabalho, que, aliás, seja bem remunerado e com bastante status na sociedade? Medo do medo? Medo de não ter medo? São tantos medos que temos, mas, resta identificar - o que é difícil - mesmo em simples palavras, qual será o maior medo que sobreponha os demais. Tarefa difícil, existem particularidades que desembocam para outros medos, mas como se tem dito por sociólogos, psicanalistas e filósofos, o maior medo de uma sociedade capitalista é o medo do isolamento.

O homem depois que transcendeu a natureza e adquiriu consciência de si e da morte viu a sensação de solidão e isolamento se tornar próxima da loucura. É necessário que, cada uma de nós, esteja correlacionado, em união com os outros. A necessidade de conviver com os outros chega a ser paixão mais forte do que o sexo e, pode-se afirmar mais forte mesmo que o desejo de viver. É o medo do isolamento e ostracismo, que faz aceitarmos, o que a sociedade considera como certo, ignorando nossa opinião, portanto, o âmago subjetivo. Pois, caso contrário, se não aceitássemos, isso representaria ser diferente (O que não é bem visto pela sociedade).

Assim, não chegamos a nós mesmos, deixamos de ser aquilo que o nosso grupo afirma não existir, ou aceitamos como verdade o que a maioria diz que é verdade, mesmo que nossos próprios olhos não convença que aquilo é falso. Tornamo-nos alheios a nós mesmos, despindo de nosso ser, desumanizamos à medida que humanizamos. Não somos nós, no momento que queremos ser nós mesmos. Instaura um divórcio consigo mesmo, ao ponto que não reconhecemos o “eu” frente ao “outro”. Somos o “eu”, querendo ser o “outro”. Ou, somos o “outro”, querendo o “eu”.

Tal como no estado hipnótico de dissociação, a voz e as palavras do hipnotizador tomam o lugar da realidade, assim o padrão social constitui a realidade para a maioria das pessoas. Por exemplo, o dono de uma fábrica precisa que o empregado, seja qual categoria for, subordine-se a ele (Patrão). Subordinado através de leis e ordens para que seja recompensado. É preciso ser visto com um bom trabalhador. Assim, sua vontade (O que ele deve fazer durante o trabalho) é dirigida pelo seu patrão. Rebelar-se as ordens, significar estar fora do trabalho. Não se pode contrapor as normatizações do patrão, caso contrário, estaria desempregado e chegando ao ponto de não ter aquilo que a sociedade considera como fundamental: dinheiro. Sem dinheiro, ele estaria isolado. Surge então o medo do ostracismo.

De fato, o que o ser humano considera verdadeiro, real, são os clichês aceitos pela nossa sociedade, e o que neles não se enquadra é excluído. Não há quase nada em que o homem não acredite, quando ameaçado pelo ostracismo. Restar indagar: - Haverá medos mais sutis que uma sociedade como a nossa possa produzir? Por enquanto, “há mais mistérios entre o céu e a terra, do que a nossa viagem constante e este meu texto pode descrever”.

sexta-feira, novembro 12

Pessoas especiais.

Passa pela minha vida ou nem chegam perto de mim e me emocionam, me fazem chorar, sentir bem. São assim, indescritíveis. Tem atitudes diferentes. São extremamente radicais e ao mesmo tempo doces como o açúcar. Fazem moda. Tem plena noção da realidade apesar de não parecer nunca por conta de seu jeito revolucionário.

Seu olhar é profundo, como o de um líder que exclama com a sombra celha. Parecem ser normais, a impressão que se tem, é a de que por d’ baixo daquela carne há luz, muita luz. E paz. São anjos conscientes de seu lado podre e majestoso. Sonegam oportunidades aos seus admiradores e sempre criam antipatia por alguns.

Mesmo depois de mortos são capazes de emocionar aqueles que nem chegaram a conhecê-los. São existências impares, nada pode suplantar o que estes demonstram, ou demonstraram. São, são e são. Jamais deixarão de ser, por mais que isso seja questionado num belo dia.

Depois de dizer tudo isso, ainda que de forma escrita, pode ficar evidente meu amor por muitos que não conheço e outros que me cercam. Penso em alguns, por isso prefiro esquecê-los. São sonhadores e quem sonha suga nossas energias eternamente. São um buraco de luz e vento que parecem nunca se extinguir.

Viver e morrer é o de menos. Assim eles pensam, agem sempre de acordo com essa máxima. Nada mais importa do que seus sonhos. O importante é a felicidade. Falam e cortam o que for preciso para se sentir livre e alegre. São por um tempo silenciosos. Aparentemente tímidos e simpáticos. Nem sempre tudo o que se gostaria que fossem, mas são. E sonham como sonham.

Gosto apenas disso: são especiais. Vão sempre povoar meus pensamentos e sentimentos. Fazer-me gozar e ter nostalgias sem droga alguma injetada na veia. Quero conhecer uma pessoa verdadeiramente especial e que seja difícil de compreendê-la. E que seu doce seja mais do que os outros são. Assim desejo.

domingo, novembro 7

Balada do Louco.

Balada do Louco
Ney Matogrosso

Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon

Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

REFRÃO
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz

CRÉDITOS
http://www.vagalume.com.br/ney-matogrosso/balada-do-louco.html#ixzz14ZcUSrx4

quinta-feira, outubro 28

Falando em política, olha ela aí: nota de falecimento.






Brasília, um dia qualquer desta primeira década do século XXI – Pereceu hoje, na capital da República, Dona Política Democrática do Bem comum, após lente agonia. Causa mortis: falência múltipla de órgãos, após septicemia generalizada. Nesta etapa terminal, seu Executivo só executava a sangue frio, o Legislativo legislava apenas em causa própria, e o Judiciário tardava e falhava. A infecção no regime representativo era crônica. Dona Política, alguns anos antes de morrer, já exalavam em seu bem equipado quarto de moribunda, um cheiro insuportável. As despesas com a longa internação e o sepultamento foram pagas por grandes conglomerados privados, a maioria do setor financeiro.

Ao velório de Dona Política compareceram altas autoridades do país. O Presidente da República deu animada entrevista para correspondentes estrangeiros, dizendo conhecer a indigitada desde os tempos da Grécia Antiga, quando era considerada amiga fiel de todos – à exceção dos escravos, das mulheres e dos estrangeiros.

Senadores de sábias cabeças brancas, contristados, confabulavam no velório. O momento de nojo (como eles continuam a denominar o luto) fez com que notórios adversários de ocasião, que tinham protagonizados recente duelo para provar quem era mais canalha, ficassem lado a lado e até trocassem algumas ideias.
Alguns representantes da esquerda também compareceram. As lágrimas sinceras pelo passamento de Dona Política Democrática não duraram muito: logo foram secando e a perplexidade deu lugar a um inusitado conformismo, na linha do “a vida é assim mesmo” e “ Deus sabe o que faz”. “ O jeito é seguir em frente e nos acostumarmos com ausência”, disse um deputado que foram líder estudantil há 30 anos, com seu corpo 30 quilos mais pesado.

Coroas de flores abarrotavam a capela. As mais vistosas eram as assinadas pelo FMI e pelo Banco Mundial. O Presidente dos EUA enviou mensagem, afirmando saber o que os brasileiros estavam sentindo, pois seu país já vivera o que os brasileiros estavam sentindo, pois seus país já vivera essa perda há muito, levando o povo norte-americano a reagir com o consumo compulsivo de hambúrgueres, coca-colas, drogas , sexo e credit card. Comunicadores de elevada audiência , através da TV, explicavam que a morte era esperada , pois Dona Política, idosa e “jurássica como a ideia de Nação”, já não cumpria função relevante no mundo globalizado do capital volátil, dos fluxos especulativos sem fronteira e dos internautas egocentrados do ciberespaço.

O sepultamento será no jazigo perpétuo da família Camaleão ( aquela oligarquia pluriétnica, que muda de cor conforme a situação e sub-ética, com moral de ocasião), no poder há 500 anos. A nota dissonante das exéquias foi a invasão da capela, quando a tarde caia, por um menino maltrapilho, que circulou entre os presentes assoviando a música “ O que será”m de Chico Buarque, para constrangimento geral. Retirado por seguranças, ele sumiu da noite que chegava.

No livro de condolências encontrou-se, sem assinatura, uma estranha mensagem: “Há erro de pessoa aqui”. Esta política que já vai tarde não é a Democrática e do Bem Comum. É uma contrafação dela, nascida no ventre neoliberal da cultura narcísica, da desconstituição da pessoa como agente da História. Quem morreu, sem merecer choro nem vela, foi a política despolitizada da delegação, da desinformação, da submissão do povo como massa de manobra dos bandidos de colarinho branco. Dona Política Democrática do Bem Comum está viva e foi vista, cheia de energia, num acampamento dos sem terra, na boa luta sindical, nas comunidades pobres que se organizam, nas escolas da educação popular, na solidariedade com os desvalidos, naqueles que mantém a utopia comum de novas e fraternas relações humanas e sociais.


Créditos:

GENTILI, Pablo. Alencar, Chico. Educar na esperança em tempos de desencanto. Petrópolis: Vozes, 2005. In : ALENCAR, Chico. Educar é humanizar

Postagem: Alan Ricardo

segunda-feira, outubro 18

Eu, me apegar?

Você é cheio dos encantos e dos perigos, mas eu estou atenta, não vou me apegar.

Afinal, por que me apegaria?

Ora... Você não acha que me deixaria levar assim, tão facilmente, não é? Só porque ninguém pisca desse jeito que você pisca, meio que em câmera lenta, meio que desplugado do mundo, não quer dizer que consiga me enfeitiçar. Nem mesmo quando lê concentrado, fazendo o mundo parar de girar, ou quando o ritmo dessas piscadelas muda em função do seu humor. Nem assim conseguirá fazer com que me apegue.

Estou atenta a você e a esse seu jeito sui generis de menino. Quando você digita, olhando na tela e na tecla, na tecla e na tela, como desculpa para um intervalo à reflexão, com todo cuidado, relendo o que escreveu, avaliando e voltando às teclas bem devagar, eu quase me desmancho. Mas não, não estou me apegando!

Por mais tentadora que seja essa sua forma simples e franca de ver o mundo, de viver a vida, já me protegi toda de você. Não adianta tentar! Só porque minhas pernas ficam totalmente bambas quando você me encara bem de frente, desse jeito que não me lembro ter sido encarada antes, e porque quando aperta os olhos só pra me provocar eu perco totalmente o rumo, a noção de tempo e espaço, não quer dizer que tenha me apegado a você.

E não me venha falar com esse seu jeitinho, não. Está certo, não há no mundo alguém que misture na fala, no jeito, no som e nos movimentos esse feitiço misto de criança e ao mesmo tempo essa postura de homem tão bem resolvido consigo mesmo. Mas eu estou forte também com relação a isso, não cairei na sua teia. Por mais que tenha atingido meu ponto fraco com essa sua mania de fazer acontecer sem dizer palavra alguma.

É verdade que o jeito que você me beija chega a ser até covardia. Tinha esquecido como era perder o chão durante um beijo e ficar horas a fio solta por aí, presa apenas em seus lábios. Esqueceria da vida bagunçando seu cabelo, carinhando suas sobrancelhas e descobrindo meu próprio corpo através de você... Mas não! Não vou me apegar, e tenho dito!

E só porque onde quer que eu esteja, estão também suas músicas, suas expressões criativas, suas tiradas inusitadas, não vá achando que me apeguei. Nem porque fico rindo sozinha, lembrando das coisas que você diz e faz, ou porque fico horas e horas tentando desvendar essa sua naturalidade – que, aliás, me surpreende todos os dias, a cada aparição sua.

É verdade, admito, que te paquero o dia todo, detalhe por detalhe, e que adoro absolutamente tudo em você. Mas não vou me apegar, não, tá? O fato de ler e reler seus e-mails e suas mensagens compulsivamente não quer dizer nada também. Só porque sou viciada no seu jeito de escrever e de se expressar, não garante que, um dia, talvez, me apegue. Nem de te enxergar em tantas letras de músicas. Nem de sentir seu cheiro de repente, nos lugares mais improváveis. Nem... Estou atenta! Muito atenta!

Já percebi que é um sedutor nato. Suas músicas te denunciam. Você todo se denuncia, porque não faz questão nenhuma de fingir ser o que não é. E isso já bastaria para que eu me apegasse – caso não estivesse tão segura agora, claro. Segura de que você é, definitivamente, alguém a quem apegar-se é pouco. Você entra na gente como um fluído e vai se espalhando de uma maneira contra a qual não há defesa. Não há como apegar-se a você porque a gente passa direto por esse estágio meio termo do gostar. Ou gosta de uma vez, ou adora, você não dá alternativas menores.

E isso tudo porque você é assim, exatamente do jeitinho que é. Porque me deixa de pernas moles e coração aos pulos. Porque nunca sei bem como agir, quando ir, quando ficar. Por você, me deixo levar, perco o controle de minhas próprias resistências. Você põe em xeque toda a segurança emocional que eu criei, com tanto custo, para me proteger da dominação humana.

Há tantos porquês! Foi ali, na primeira vez que o vi, que me apeguei a você, e desse baque que eu nunca consegui entender bem, jamais vou esquecer. Te vi e já soube que era alguém especial pra mim. E agora, no meio dessa fantasia que você me faz experimentar, fico sem minhas principais defesas, afinal, diante de você sou apenas eu, da forma mais pura que consigo ser. E até isso me intriga nessa sua arte de ameaçar minha fortaleza íntima.

Você chegou em um momento em que eu estava em busca de mim mesma, com pedaços vitais espalhados por aí. Sem dizer nada, pegou minha mão, me fez lembrar tanto do que sou e me desafia nesse reencontro comigo mesma. Você desperta a loucura que habita em mim, mas que andava adormecida, que o tempo neutralizou. E que saudade que eu estava desse meu lado! Você é um risco bom de se correr. Desses, cujo o apego permanece para sempre e vai crescendo, e vai crescendo...

* Autora: Aliz de Castro Lambiazzi – Jornalista; Blog Texto Sentido (http://texto-sentido.blogspot.com/)

sábado, outubro 2

Carcaça Humana.

O corpo em si não possui mistérios. Somos todos dotados dos mesmos atributos. Pouco ou quase nada muda se comparados. Pensando de uma forma mais brusca, nos assemelhamos a pedaços de carne que se movimentam pela rua. Estamos em quase toda parte, não ache que vai achar um lugar que outra pessoa já não esteve; que outra plataforma de carne, osso e sangue já não esteve.

Agora, aflorando pensamentos mais robustos ainda. Você e eu possuímos dois pares de extensões carnais, uns mais em cima, outros mais embaixo. Os braços e pernas são ligaduras deste corpo. Tentáculos que são usados como uma pinça de reconhecimento e de sobrevivência.

Precisamos do toque de outras carnes, de outras conjugações abstratas. Afinal de contas nosso corpo é organizado ou desorganizado? Mais parecemos uma gelatina com osso. Algumas partes somente de uma carne mais especial. Que não possuem as mesmas células do resto da carcaça de postura gelatinosa que é de sangue. Gelatina de sangue? Estranho, é tudo muito estranho!

Gordos, magros, esqueléticos, carnes desproporcionais, sem perna, sem braço, sem dedo. Pedaços de carne que vivem como animais do mato, que perdem um pedaço de si mesmos para sobreviver. Uns tem as coisas no lugar certo, outros não. Cabelos, olho, unhas, produtos de uma estrutura especifica no mínimo asquerosa.

Pense em um cordão fino, feito de gordura e água que às vezes fede, imagine uma bolota cheia de um suco asqueroso, uma lamina que acumula restos da carne que soa; produz horrendos odores. Afinal de contas... O que é esse corpo? Divino ou demoníaco? Nojento ou expressão de coisa boa.

Carne com carne. Pênis com vagina. Língua com boca. Troca. O corpo já foi odiado e adorado. Hoje em dia essa realidade é constante no cotidiano. Alguns mutilam seu próprio corpo, outros o abandonam. Histórias horripilantes de descaso com o corpo dão noticia de que o corpo, a carne, essa gelatina ossificada, nada é.

As carnes bonitas são musculosas, firmes, possuíam as coisas certas no lugar exato. A cor é bela, a textura é jovial, prazer, gostosa. Os fios são delicados e surge como efeito finalizante de todo um feitiço. Eles são o que são, tem o que tem, mostra o que aparenta. Os olhos perfeitos não se enganam e fazem sentir na alma o gozo de pensar nas carnes.

Continuando com nós, com as carnes. De onde foi que você veio! Como as coisas humanas podem ser tão distintamente opostas. Umas pretas, outras brancas ou ainda umas pardas. Caixas de salubre fechadas por um órgão parecido com um plástico esticado. Cabelos, bunda, fezes, lagrima, esperma, olhos, catarro e costas. Tudo isso numa mesma caixa. Tudo junto e misturado.

Seres somente nessa vida, ou também depois desta carne apodrecer? Haverá lugar para as almas que habitam nas carnes? Belo. Prazeroso. Pessoas que vivem para o prazer dos outros. Pague ela ou ele que tu terás prazer. Carne com pedaços de outras carnes. Peito, dedo, fígado, pinta e ouvido. Tudo num mesmo lugar é só procurar que você vai achar.

Não se limite pelo que lhe dizem, ouse extrapolar o que lhe dizem. Ouça o que vem de você, mas somente de você. Não de outras forças, sendo elas humanas ou não. Imagine-se autodomínio. Seja o que nasceu contigo. Procure esquecer tudo que já lhe disseram. Você é capaz de ser você mesmo, aceite esse desafio. Pense no corpo ou nas carnes como bem quiseres. Deus-Você-Eu te fez ser o que você é. O resto são os outros e o próprio diabo.

quarta-feira, setembro 22

Anarquia, Ronnie Von.

Prepare tudo o que é seu
Veja se nada você esqueceu
Pois amanhã vamos pra rua fazer
Fazer uma tremenda anarquia
Pintar as ruas de alegria
Porque quem manda hoje somos nós, mais ninguém
E não ligamos pra quem vai nem quem vem atrapalhar
Há quem nos queira atrapalhar

Nossa cidade será uma flor
As avenidas com carros de amor
Pois amanhã vamos pra rua fazer
Fazer uma tremenda anarquia
Pintar as ruas de alegria
Porque quem manda hoje somos nós, mais ninguém
E não ligamos pra quem vai nem quem vem atrapalhar
Há quem nos queira atrapalhar

E assim nós iremos adiante
Iremos custe o que custar
Pois as ordens vêm de um alto-falante que só nós
Não conseguimos escutar

Prepare tudo o que é seu
Veja se nada você esqueceu
Pois amanhã vamos pra rua fazer
Fazer uma tremenda anarquia
Pintar as ruas de alegria
Porque quem manda hoje somos nós, mais ninguém
E não ligamos pra quem vai nem quem vem atrapalhar
Há quem nos queira atrapalhar

Fazer uma tremenda anarquia!
Fazer uma tremenda anarquia!!
Fazer uma tremenda anarquia!!!

Créditos:

http://www.vagalume.com.br/ronnie-von/anarquia.html

quinta-feira, setembro 9

A história dos moveis que uso.


Olho pro lado e vejo madeira. Sento na madeira. Velha, antiga, rústica. Símbolo de algum período. Longe ou próxima no tempo, a história deste objeto - cadeira, mesa - percorreu muitas situações. O tempo percorreu sua existência. Percebo, sinto e imagino que sim! Faz tempo. Tem História nessa cadeira. Cheiro de nada, ou do que usaram para lustrar.

A chuva poderá ter modificado sua estrutura, o vento ventado algo por cima de si e de repente isso alterou seu pedaço e seu toque. Escura, lisa, brilhante. Quantas cenas este objeto presenciou? Pessoas a utilizando, colocando-a de lado. Fizeram da árvore esta cadeira que se tornou bela, almofadada. Hum, como ela é gostosa. Seu conforto não é como o de almofadas.

Quem ainda não deve ter precisado dessa cadeira. Essa mesa. Quem terá tido a idéia de os fazer, criar estas coisas reluzentes aos olhos de quem os vê. O que não aconteceu nesse objeto, ainda pode acontecer. Sexo na mesa, dormir na cadeira, descansar na penteadeira, alimentar-se na cadeira. Quantas vezes o brilho do sol e a luz da lua já não reluziram sobre essa superfície invadindo o ambiente pela vidraça dessa sala.

Sei que esse objeto não fala nem falará e se o jogarem pela janela ele não voltará, mas será destruído, não existirá como existe neste exato momento. A beleza que essa madeira adquiriu demonstra uma concepção de tempo, de período Histórico. A árvore que era semente nasceu. Cresceu, cortada foi. Alguém pensou nessa cadeira, nessa formosura e a realizou.

Quem sabe a história da cadeira? De quem fez ou pensou nela. Apenas imagino, imagino e penso. Essa madeira. Estrutura física de algum lugar do planeta Terra, demonstra muitos detalhes. Aspirações, impressões, expressões. O ser que não vê é porque não quer. Eu falo e quem quer saber sabe. Não é preciso implorar pensamento idêntico. Nem mesmo adivinhar. Apenas não ignorar as primeiras impressões.

Quanto será preciso para que alguém diga. Penso que será preciso estratégia. Para quem ouvirá e quem dirá. É preciso paciência. Sim, se não quem vai dizer. Dizer com exatidão de onde vem para onde foi, irá. Nem sempre as histórias são contadas. Elas vão mortas com as lembranças de quem as reteve por certo ou demasiado tempo.

Porque as línguas estão presas. E os pensamentos criativos amarrados. O preconceito se ativa, o desrespeito se incorpora. Que pena, que lastima. O silêncio vai acontecer. O tempo passará e todos ficaram sem saber o que era e aconteceu. Os mistérios das histórias que não são iguais nem nunca serão, estão calados. Não pedem para vir ou ficar onde estão.

Com perguntas se inicia e sem resposta se acaba. Quem saberá da cadeira, da mesa, da penteadeira. Da madeira, da arvore, de quem fez. Plantou. Como e quando. Se nem as mentes funcionam para tentar. Porque a maioria acredita que não há motivo racional para explicar quem foi e não apreciam achar uma resposta. Uma solução para o dilema de saber. Se um pensamento for solto, alguém o deterá? Quem?

Eu preciso saber, todos precisamos saber, qual é a História? Qual é a História dos móveis que uso? Quem poderá contar, imaginar. Instigar um pensamento idiota ou claro e evidente. Vou fechar essas portas também de madeira. Andar neste chão de madeira. Sair, esquecer um pouco do dilema que impede essa história de ser contada.

sexta-feira, agosto 27

Cavaleiro Moderno.

Mulher idiota não me olhe desse jeito. Atitude medonha, parece até que não gostou. Sempre soube o que iria encontrar comigo e tenho certeza não se decepcionou. Com esse cigarro aceso parece uma drogada daquelas que se acha na esquina de uma segunda feira às 2 da manhã, caminhando ou parada, e ainda se pode sentir o perfume aplicado no começo da noite anterior.

Não se deteve nem concedeu a seu pai voto de razão quando ele disse que garotos do meu signo social não são um bom partido para a vida toda. Nunca neguei que ao invés de um cavalo branco tenho uma moto prata reluzente lustrada de caveiras e ossos. Mulher sem rumo. Gosta de ser o que é. Sempre soube quem sou.

Sempre soube que sou perigoso. Jamais escondi minhas intenções. Nunca esconde que me misturo com o sujo e o mal lavado, mas você não resistiu. Me provocou com suas quase roupas. Te usei da mesma forma que você me usou. Gosei em você e você em mim. Trocamos nossos corpos numa relação instintiva. Nos unimos de uma forma extra-sensorial.

Poderia não parecer quando tu morava em um só lugar, mas você sempre foi uma feminina que não tem medo do escuro e não se surpreende com o que pode encontrar por lá. Uma eterna sedenta de prazeres carnais. Aparenta medo do desconhecido. Se diz gentil, calma e refinada. Mentiu e continua a mentir quando alega ser gente normal.

Te carreguei de carona. Lhe garante toda proteção que os braços de um homem podem dar. Timbrei sua voz azul e seu rosto camaleão. Seus olhos grandes se arregalam ainda mais quando demonstro que ainda não me cansei e quero mais, posso mais. Sua bunda nessa meia. Seus seios e meu sangue quente sempre nos conduziram a atos de performance e adrenalina prazerosa.

Sempre gostei de sua modernidade, de quando você faz novas amizades que concordem com as regras de nossas cerimônias a céu aberto a divindade chamada: Vida. Suas rendas e sedas reluzentes tem o poder clássico de fazer qualquer pessoa te desejar profundamente.

Nunca tivemos uma rotina declarada. Nossa casa sempre foi o escuro das matas e o chão convertido em pó seco, pelo sol intenso dessa parte do planeta Terra. Hotéis vagabundos de beira da estrada, cachoeiras estranhas e árvores fantasmagóricas foi nosso abrigo em tempos ociosos.

Acreditava e tenho certeza, você nunca foi inocente. Apenas se formatou condizente com o meio social que lhe cobrava uma postura clássica. Depois de me ver rasgou suas vestes civilizadas, pegou meu capacete mortal e partimos para onde o sol se escondia; bem depois do além.

Escondeu seus sonhos e pensamentos mais medonhos até que me encontrou e soube que posso ser o seu refugio. Nas noites escuras e nos dias de sol aberto, comecei a estar do seu lado. Sei bem que você acabou descobrindo cálices e bebidas vindas do inferno imaginário. Venerou o couro e festas amigáveis. É isso o que penso de você.

sábado, agosto 14

Ensaiando a vida.

Quando não pensamos no que vamos ser, no sentido de qual profissão querer, que atitude tomar e a roupa de usar os outros pensam por nós. Acontece que as mesmas pessoas que muitas vezes tem a ousadia de pensar nas coisas dos outros, não possuem também a persistência de ajudar, apoiar ou medicar se preciso for, caso o resultado da ação tomada não seja o esperado. Em outras palavras, as pessoas que nos rodeiam, salvo em casos raros, sempre semeiam um pensamento em nossas cabeças para que façamos o que elas pretendem pra nós, só que se formos ao caminho por elas indicado e algo dê errado, elas nunca estendem a mão como ato de solidariedade.

Quantas vezes não se ouvi dos outros: - Não faça isso! Seja assim que será melhor para você. Quando no intimo existem desejos e aspirações camuflados. Idéias obscuras de controle excessivo. Mesmo desconhecendo essa natureza de seus pedidos, essas pessoas insistem que: É para o seu próprio bem! Se indagadas sobre o porquê de tanta pressão e cobrança, de dois um, ou o silêncio, ou um discurso amargo sobre a inexperiência, e a insistência de não perceber o amor em suas ordens-pedidos.

Logo vem a pergunta: Ora, se ninguém vai pagar o pato por mim, porque eu deveria deixar de querer? Tenho certeza de que isso é normal tanto no relacionamento entre pais e filhos, quanto de namorados, tios e sobrinhos, avós e todo o resto. A verdade não é esta ou aquela é a que se constrói, se desenrola com o tempo e acaba por provar o contrario do que se pensava.

A História se repete muito, mesmo assim algumas novidades podem acontecer. Os propósitos ficam escondidos numa camada que fica entre a chamada sorte, a vontade e os sonhos. Uma história que se repetiu por séculos tendo o mesmo resultado pode ter um final que ainda não aconteceu. Basta às coisas se cruzarem, mesclarem e simplesmente dar certo. Os tempos mudam, e continuam mudando.

Acredito fielmente que o ser humano reproduz o que já fez em outro ambiente, conforme o tempo. Quanto mais tempo, mais a sociedade amadurece e reproduz o que aconteceu há tempos atrás. Felizmente ou não, o que diz a Bíblia não passa de uma verdade crua: “Não há nada de novidade por debaixo dos céus.” O que pode alterar um percurso é a fé.

Ao invés de ficarmos sempre procurando provar as coisas pros outros, tem-se de provar para si mesmo a própria vontade, a força dos próprios sonhos, desafiando a sorte e continuadamente investir na fé. Se existe alguém capaz de mudar minha história, este alguém só posso ser eu mesmo. Somente eu mais eu sou capaz de alterar as coisas de acontecerem em minha vida. Se existem forças capazes de me favorecer seja espiritualmente ou materialmente elas só serão eficazes caso eu tome a atitude.

Peço a você que leu este texto até agora que olhe para sua mão. Observe o seu tamanho, sua cor, sua fisionomia. Agora saiba que é ela que carrega sua capacidade, sua força mental e física. Experimente saber que esta em suas mãos o poder de mudar as coisas ao seu redor e em si mesmo (a). O futuro é misterioso para todos. O que se pode fazer para que ele seja favorável é somente ter votos, orações (pedidos, agradecimentos), e pensamentos sinceros de luz.

quinta-feira, julho 22

Ainda estou pensando.

Estive pensando em você. No seu quase sotaque. Nesse corpo bonito e perfeito que você tem. Seu jeito especial me impressiona. Gostaria de me apaixonar por ti. Pensar que sem tu não sou nada e viajar em frases melancólicas e sem sentido.

Você pensa em como seria se nós nos amassemos? Isso já lhe ocorreu? Vai saber... Ainda não sei ler mentes, nem desvendar pensamentos pelos seus atos. Saiba que eu penso muito nisso tudo. Em te ver todos os dias, poder te ligar e solicitar palavras que preciso ouvir.

Imagino loucuras quando você me olha dessa forma. Tardes quentes, noites frias, não importa. Eu sempre te quero. Teus olhos não mentem. Sei traduzir de qualquer Mundo os códigos do olho. Só não entendo quando você se paralisa, estabiliza e vira pra lado.

Sonhei em estar te tocando. Meu corpo se arrepiou todo. Mas não era sentimento. Era razão em detrimento do prazer. Sussurros, gemidos. Era o áudio de nosso contato. Pensei nas loucuras que acumulei, afinal, era hora de executa-lãs.

Notei nesse sonho que seu coração, órgão do interior humano, estava acelerado, como que sofrendo. Sua cor, seu calor, sua pele. Estava tudo em contato e rente a mim. Respirava e não sentia o odor do ambiente. Não foi nada brusco ou nebuloso, mas calmo e vagaroso. Pelo calor do sol acordei, não quis voltar a sonhar.

Mesmo sem querer imaginar-te em sonho, pensei logo algo de ti: - Te prefiro de roupa. Até pelos menos não estarmos juntos. Quando seu corpo esta nu, fica sem muito mistério, já que o vejo sem muita ansia. Com roupa, tenho vontade de ver o que já imagino perfeitamente como seja.

Penso se pessoas como você não se cansam de ser sexy. Me parece que mesmo sem querer tu és assim... Quente! Há meu amor, se em noites frias pudesse te ter, chegaríamos perto do verão. Só que agora eu tenho de voltar. Sim. O Mundo, a realidade me chama. Agora mesmo me percebo sendo levado pelo vento, me afastando de ti.

Pronto! Retornei ao status atual.

quinta-feira, julho 8

Miguel encontrou algumas respostas.

Nossa! Quem diria. Aquela porra de moleque pôde saber de algo. Parece dom de Deus. Bom de mais. Miguel Silva de alguma coisa, agora tem consciência da realidade. Coisa de 21 anos de existência e facção social, Silva de mais alguma coisa, sabe.

Tua mãe e pai, ele sabe, não lhe gostam por acaso, é dever deles isso. Dinheiro é pois importante, o capitalismo assim exige. Meninas e meninos são bons de cama. A modernidade chegou. Ter um bom emprego é essencial. Aparência boa, coisa muita da importante, ajuda na construção da Sociedade de hoje e sempre.

Crescer, gostar de azul, não se depilar e falar grosso é masculino. Delicadeza, respeito, verdade e sinceridade devem ser dosados. Capital é social e físico. Pobre é ruim, pouco é ruim. Tudo do bom e do melhor.

Quando se faz as coisas escondido Deus não vê. Pode ser o que se quiser, pagando... Não ter filhos, nem casar, não ter um emprego bom e ser diferente é perigoso. Seu pai só paga se for um curso que preste. Moda, hum... isso num é curso de homem não.

Os índios e criminosos nem sempre são os vilões da História. Os negros não fedem nem muito menos são preguiçosos ou vagabundos. Homossexuais são gente boa sim! Bi então, são gente como qualquer outra.

Se o ônibus não é bom. Se tem gente no semáforo, se a vida é difícil, se não tem emprego. Falta coisas que prestam na TV, dinheiro é difícil, essas e outras mazelas do sistema - pensa só - não são culpa dos burgueses, e sim dos políticos. É quase tudo culpa da tal Política de Aristóteles - assim pensa Miguel.

Miguel, o pobre branco da Silva, nascido num lugar não bom. Pai de nada. Amigo de ninguém. Despertou e logo voltou a dormir. E agora José? Depois de se perguntar o que iria fazer se viu sem muitas opções boas e prazerosas. Virou pro lado e voltou a dormir.

Com insônia ele andou e descobriu mais verdades...

domingo, junho 20

Sadomasoquismo subconsciente.

Tem alguns espécimes de pessoas que se você ainda não conheceu não se preocupe você ainda vai conhecer, estão por toda parte infestando ambientes e enchendo a paciência de alguém. Um bom exemplo de pessoas inconvenientes são aquelas que se fazem de coitadas se vestem de vitimas.

Quando a vida não é dura o bastante com essas pessoas elas aumentam o comentário de alguma situação por ela vivido; enchendo de drama ou de melancolia. Muitas vezes eles (as) capricham tanto que nem sabiam do que eram capazes de piorar aquele problema. Quando as coisas estão muito bem, logo procuram com suas mãos outro problema.

A paz a seqüência natural de acontecimentos não lhes é satisfatória, é muito normal. Sem nenhum problema não é possível clamar, argumentar, pedir misericórdia e nem se vestir de autoflagelo.

Normalmente essas pessoas são carentes e necessitam de carinho e atenção extrema. Não aprenderam a ter um relacionamento consigo mesmo (a), precisam de alguém para lhes ajudar. Não se vêem como autocapazes, precisam de alguém em quem possam escorar, e encontrar refúgio, consolo e palavras de ânimo.

Sua vida é respaldada sobre o outro o que o outro acha, o que o outro supõe que seja. Muitas vezes essa sede de precisar do outro é subjetiva, a pessoa busca, mas não percebe. É como fazer sem ter consciência, algo como andar na rua á noite sonâmbulo. Eles ignoram toda conversa que possa denunciar sua fraqueza, demonstrar sua dor, reconhecer sua debilidade e consequentemente sua necessidade do outro.

Isso normalmente acontece entre amigos, mas é muito mais comum dentro das famílias. O que muitas vezes impede de perceber essas pessoas é o sentimento de união que pode vir a ser desmembrado. A pessoa diagnosticada com essas características de dependência extrema dos outros – na maioria dos casos, não percebem sua deficiência; em sua mente são auto-suficientes em tudo.

Tentar falar do assunto com essa pessoa pode significar cortar os laços de amizade ou afinidade. Elas não aceitam a realidade, pois em sua cabeça as coisas funcionam de outra forma – a realidade é outra.

As verdadeiras vítimas que são as pessoas que suportam esses indivíduos, com o tempo elas não suportam nem mesmo conversar com o doente que por sua vez não aceita sua dificuldade. Levar um relacionamento desses a frente é arriscado e conturbado, o melhor é cortar as relações com essas pessoas por pelo menos um tempo. Até que elas ao menos consigam se agarrar em outra presa.

São piores do que os arbustos que se agarram nas árvores e com o tempo tomam o lugar da planta que morre por falta de ar, água e sol. Nutrem-se do desejo de viver dos outros, são os chamados sanguessugas espirituais, sugam toda e qualquer força a sua frente.

Repare, corte e mate as sanguessugas de sua vida. Ajude quando possível, mas o melhor é deixá-las aprender a respeitarem a espaço dos outros com a própria vida, não há escola melhor do que a vida. E se por acaso você percebeu alguma semelhança entre suas atitudes e a doença aqui relatada, não tenha medo de dizer pra si mesmo (a) sua fraqueza e procure ao único que é capaz de sanar sua sede por preenchimento: você mesmo. Relatar isso é um desejo antigo, já que não faltam seres assim.

domingo, maio 30

Meu Nome é Elizaeth.

Costumo ser o cerimonial do rock, vestir-me como se o couro fosse minha pele. Toco bateria com ímpeto de loucura. Minha pele de neve parece morta. Os dias e as noites são tempos em que só se muda os números das horas. Acredito no emanar da ciência talvez na concupiscência da carne. Fazenda e cidade são apenas ambientes diferentes, um é totalmente cheio de construções o outro não.

Quando era criança me diziam: - Você é feia! Hoje sou top model internacional.

Acredito no dilema de que o dinheiro é conseqüência, e riqueza é conseqüência de dinheiro. Morte por amor é a única coisa pela qual vale a pena morrer. Viajo sem ter nada pra perder. Depois de um dia vem outro e depois outro, depois de 364 é um ano cristão capitalista.

Milito pelo que gosto. Eu mesma. Ainda bem que existem pausas em tudo, senão morreria naquela noite de lua cheia. Meus cabelos ruivos, cor de sangue, com minha carne pálida do frio não seriam bem vindas no inferno.

Ainda bem que não vivo por um objetivo. Possivelmente estaria neurótica hoje, sou possessiva de momentos únicos, não de seres ou coisas. Outro ponto bom em mim... Faço tudo com o ímpeto de que faltam aqueles instantes para o mundo acabar. Aquele poderia ser meu ultimo trabalho.

Mamãe sempre dizia: - Menina louca. Ela morreu ontem a noite. Mandei um cartão de feliz natal ano passado, papai me retornou perguntando se já tinha depositado algum na conta dele. Pedro, não sei como, seguiu caminho diferente de todos nós, ele hoje advoga. Mora em Nova Yorque. Somos uma família boa.

Depois de me levantar dessa cadeira almofadada de couro brilhante, vou ler meu romance. Passei o dia querendo saber se o índio Peri de José de Alencar vai morrer tentando proteger a menina dos cabelos amarelos chamada Cecília.

sábado, maio 8

O que nos move?

Se formos pensar ao pé da letra tudo o que nos motiva poderemos encontrar a resposta para muitas coisas que fazemos e não percebemos. Desejos que não são nossos e lutamos por eles sem ter consciência. Vive-se num mundo em que tudo é dinheiro, ou pelo menos para se fazer qualquer coisa é preciso dinheiro. A televisão anuncia produtos, as necessidades se mesclam com opções mais sofisticadas - melhores produtos - ouvi-se falar de um produto, de uma marca. Sempre na esquina tem um outdoor, perto dele uma loja.

Perguntar-se o que me move? E parar para esperar as repostas que a sua mente lhe trás pode ser surpreendedor. Refletir sobre como nossas ações são vistas é complicado, mas também ajuda no processo de descobrimento.

Acontece que muitas vezes temos medo da resposta que teremos, nem sempre nos contentamos com o que somos com nossos próprios e naturais desejos. Por isso lutamos ignorando os sinais que nos são enviados de forma direta ou indireta. Pensamentos a respeito de si próprio, palavras chaves que saem da boca de outros a sua volta, idéias cósmicas que surgem do nada.

Pensar, pensar e pensar. Dói, machuca, incomoda, nos muda. O poder da cultura expresso na língua, nas tradições, nos pensamentos e preconceitos é o que nos molda, sem deixar de considerar o que trazemos consigo mesmos.

Devemos lutar num exercício continuo e duradouro, motivado pelo bem estar e amadurecimento contra os instintos da cultura, contra os reflexos automáticos que acumulamos para sermos melhor aceitos pela sociedade.

Por mais que a natureza grite, é possível ir contra com trabalho vagaroso e constante no sentido de alterá-La. Reforçar mais a mudança que o “defeito” a ser extinto. Pensar mais e agir mais no sentido de angariar a vitoria ou mudança, e valorizar pequenos traços de mudanças, mesmo quando eles não apontem surgimento algum. Crer sem sentir.

sábado, abril 17

Por um pouco mais de destino.

Se pensarmos bem o destino pode ser algo bom. Muitas vezes fazemos o que nos parece ser o melhor, isto dentro de nossa visão, quando por vezes acabamos por ignorar uma serie de detalhes, objetivando somente nosso anseio. Porque não pensar que o destino pode nos livrar dessa sede insana que todos nós – seres humanos – temos de ser e ter algo nessa vida.

Desde crianças somos moldados a querer para ter e muitas vezes só depois ser. Pensar que existe um destino para cada um de nós sugere a idéia de alguém que o faça, mas quem será? Será o tal deus dos céus? Não, pode ser que é poder de nosso subconsciente que constrói tudo isso baseado no que acumulamos como o ideal. Achar que as leis naturais também têm parte nisso não é errado. Mas afinal de contas quem é esse que lida com os destinos?

Sonho com um bilhão de possibilidades para cada decisão que tomo. Mesmo temendo que todas elas não aconteçam só por acreditar nelas. È meio como se ao sonhar com o ato ele se torna morto, incapaz de tornar realidade pela sua previsibilidade. Coisas de filosofo.

Talvez o que falta é a capacidade de ir indo, fazendo, sendo e acreditando na beleza da vida. Acreditar que se tudo não acontecer como foi sonhado outra coisa melhor vai acontecer. Aliar a realidade com os próprios quereres e deixar a vida dar seus contornos a essa forma de levar a vida.

Conceber uma forma saudável de agir e pensar é muito difícil. Sempre se convive com outras pessoas e negar a influencia delas não é possível. Influência energética e ideológica que macula pela realidade idéias imaginarias tão belas. De repente olhar o céu quando ele esta estrelado pode nos dar uma dimensão de nossa incapacidade em meio a tudo que nos cerca ou o contrario, nos fazer acreditar por aquela beleza que tudo é possível.

Determinado pela natureza, pela força de nós mesmos ou por autarquias celestiais desconhecidas não se sabe ainda de onde vem nem não para onde vão os sonhos e os destinos. Experimentar a História pode muitas vezes dar noção realista e matar todos os sonhos perfeitos. Definhando destinos e empunhalando o real goela a baixo.

domingo, março 7

A manipulação que vivemos.

Já percebeu como sempre existe alguém dizendo que o que você faz está errado. Como se acreditar em si e nos próprios sonhos fosse arriscado de mais? O difícil mesmo é encontrar alguém que lhe apóie e diga que tu esta certo. Sempre querem nos manipular, a família por sempre achar que somos novos, a Sociedade porque somos loucos, os amigos porque para ser do grupo é preciso isso, aquilo outro.

Observar as coisas é um dos meus hobbies, depois sempre penso no que vi. Procuro deduzir coisas pelo meu humilde conjunto de saberes. Das ultimas coisas que tenho percebido é o quanto somos manipulados. Enquadrados num perfil. Vejo tanto os lados ruins quanto os bons.

Sem nos adequarmos a um jeito mais sociável possivelmente seria impossível nossa convivência em Sociedade, só que muitas vezes o tiro sai pela culatra, pois alguns abusam desta fórmica de ser e estar. Muitos fogem de si, se permitindo ser atingidos pelos modismos e pela força dos outros sobre nós. Acabam por ser artificiais e consequentemente falsos.

È muito mais fácil não pensar neste tipo de coisa. Convivo com pessoas que não se importam com o que penso e vivem felizes. Seres que são conduzidos pela maré da Sociedade e não perdem nada. Foram e continuam sendo o que os outros esperam deles e nunca ouvi de nenhuma dessas pessoas que elas se sentem vazias ou insatisfeitas. Muito pelo contrario são inteiramente alegres e pra cima. Quando somos aceitos, não há nada melhor.

Não pensar é sempre mais fácil. Ser uma pessoa com hábitos educados e de postura aceitável – bem vista – é sempre um privilegio e objetivo de muitos. Nós temos perdido muito por deixarmos de pensar que somos capazes sem ser preciso ouvir de outros que realmente o somos. Muitas vezes deixam-se sonhos e pensamentos importantes para si irem embora com o vento. Imagino que neste mesmo vento muitos outros sonhos de outras pessoas estão. Vão para o arem.

A luta pela tradição é tão grande e forte que muitas vezes os filhos chegam a repetir a sina dos pais por até cinco gerações. Não sou contra tradições, até admiro algumas, acontece que não gosto é de sofrimento. Pode ser que o fogo de ser você mesmo seja mais forte em alguns mais do que em outros. Por isso alguns se superam, fazem o que gostam porque são daquele jeito. E os outros realmente gostam do legado que lhes foi imposto ou o repetem por falta de opções.

Enfim, é fato que muitos não sabem nem mesmo quem são. Nem qual é sua cor predileta, ou quais são seus reais desejos. Desde pequenos somos ensinados: meninas, cor rosa, meninos: azul. O que vai ser: menina, dona-de-casa; menino, engenheiro, advogado ou medico. È feio isso e aquilo, imoral ser assim e tal. Como já creditei, normas são sempre bem vindas para uma convivência no mínimo suportável e harmoniosa. Isso quando não limitam nossa personalidade, seja ela qual for.

Acontece que elas só não abafam a cor de sua própria vontade porque ainda não descobriram como. Deve-se viver a verdade que se trás. Deus esta na verdade. Dessa forma seremos verdadeiros quando assumirmos nossa própria identidade, logo a Sociedade será mais verdadeira. Bom seria se as coisas fossem mais fáceis, no sentido de sermos quem realmente somos em todos os momentos sem qualquer tipo de medo, se não houvesse ambições econômicas e egocêntricas por detrás de toda essa formula de moço direito e boa moça. Para o filosofo Karl Marx, o poder de mudar a História esta em nossas próprias mãos. Podemos fazer a diferença a qualquer momento.

quarta-feira, janeiro 27

O Sistema versus eu e você.

Dizem que cada pessoa reage de uma forma diferente frente à mesma circunstância, isso pode até ser verdade, mas quando estamos frente a uma paisagem, todas as pessoas agem de forma semelhante. Olham, apreciam e gostam. Com isso é possível afirmar que dependendo da situação nós temos atitudes semelhantes.

Sabendo que todas as pessoas vão reagir da mesma forma frente a uma dada circunstância, o chamado “Governo” desenha uma rotina em que você se depara a todo o momento com símbolos que reprimem desejos íntimos. Forçam-lhe a ser um ser capaz de se rotular, de classificar e de mandar.

Vivemos em uma sociedade extremamente complicada, onde a burocracia dificulta os seres humanos normais de chegar ao seu objetivo. Em resumo bem se sabe o porquê de tanta desgraça e o porquê de sempre se dominar as pessoas. Sempre foi assim e dá medo de afirmar que sempre será. Realidade onde uns sobrevivem para os outros viverem.

O controle serve para forçar de modo extremamente bem pensado, articulado e desenvolvido, a sobreposição de uns sobre os outros. No Brasil hoje sabemos que a distribuição de renda é a pior do Mundo inteiro. Sem se dar conta disso, mesmo sabendo sem perceber, a população passa alheia a tudo isso. Aceita.

As aparências mudam, mas sempre continuam as mesmas coisas. Quando estava na escola e a professora dizia que “os pobres são assim...”, “fazem isso desta forma...” eu me sentia fora desta realidade. Era como se ela estivesse explicando uma coisa alheia a ela e a todos nós. Como se os pobres, depravados e escravos do Brasil colônia fossem passado, sem nenhuma semelhança com a nossa realidade.

Hoje crescido e dono de um raciocínio próprio percebo que não. O dia de hoje pouco mudou em relação a mil, dois mil anos atrás. Não digo em relação às inovações tecnológicas e do pensamento humano, e sim a situação social. Onde uns poucos manipulam e usam o restante todo da população para lhes favorecer.

Quando todas as pessoas caminham para um mesmo lugar é difícil não ir junto. Assim me vejo e me sinto. Pois não quero ouvir o que esta tocando nas rádios, nem comprar tudo o que os outros compram, ou mesmo falar, agir e pensar como as outras pessoas. Limito-me a ser o que acho certo, pode ser que daqui a alguns anos eu perceba que estive caminhando errado, sendo o errado pretendendo ser o certo. Mas até lá vou tentar acertar no pouco que sei.

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