quarta-feira, dezembro 2

Bobo Alegre



De tantas vezes acreditar ser alguma coisa
E de repente, ser coisa alguma
Dos descasos de uma vida sem sentido
Sem significado definido

Explicar o que não tem justificativa
Falar de resultados sem relevância
Mentir pra deixar de contar
Verdades sem importância

Buscar pra notar a existência sem finalidade
De uma vida que não precisa se comprovar
Que das dores e desamores 
Não é preciso nada combater, apenas viver

E de tanto saber
Perceber que nada sabe
E que o silêncio é sempre a melhor resposta
Para uma pergunta que você achava saber responder

A alegria só percorre corações sem sentido
Isentos de qualquer discernimento
Apátridas de qualquer juízo
Apenas sedentos 

segunda-feira, novembro 9

Solidão, um momento que não passará



A solidão continua amplamente discutida e vivenciada, contudo quase sempre está ligada a depressão e outras síndromes. Estar sozinho é sempre conciliado a um estado de tristeza, de sofrimento, vista como uma doença que precisa ser tratada e combatida. Por outro lado, a necessidade de viver cercado 24 horas por outras pessoas para viver termina limitando a própria autonomia.

Ainda não é fácil encontrar um conceito claro e uniforme sobre o que é a solidão e principalmente, desvincular da concepção de que seja uma doença social. Existem muitas versões para explicar esse controverso estado de espirito, que na verdade, não ‘surge’ em algumas circunstâncias.

Talvez a solidão pareça tão difícil de admitir porque em geral existe medo de reconhecer que não se trata de uma sensação, de que não é um momento, mas uma certeza para a vida inteira. A amizade, o namoro ou mesmo o casamento não são capazes de ocupar o espaço da sua própria presença. É possível se sentir e estar sozinho independente dos relacionamentos que estabelecemos, da mesma forma que ter muita gente próxima não significa manter relações saudáveis e deixar de se sentir sozinho.

Nascemos sozinhos e também morreremos assim, essa é a única certeza que podemos carregar. A natureza nos fez castrados de qualquer ideia permanente, o padrão é a mutação. A todo instante a água muda seu curso, as florestas seu tamanho, espécies desaparecem e tudo continua mudando, obrigando novas experiências de sobrevivência. O que torna a vida uma experiência solitária é a verdade de saber que as mudanças só podem ser vividas por quem passa por elas. Uma vivência individual do início ao fim, sem predisposições ideológicas a nenhuma forma de viver sua própria vida, não existem pessoas feitas por encomenda e ninguém é de ninguém.

Normalmente, quando rodeados da família, de amigos e conhecidos, a vida parece mais leve, é reconfortante o alívio de saber que temos um porto seguro. São nesses momentos que a a solidão pode se mostrar verdadeiramente. Primeiro porque a solidão só se prova com o seu contrário, segundo porque enquanto permanecemos acompanhados não pensamos na solidão ou muito menos que ela é triste, miserável e degradante, simplesmente ignoramos sua existência, como se não estivéssemos sós.

Só nos damos conta da solidão quando todas as pessoas que acostumamos ou desejamos ter ao nosso lado, simplesmente não estão conosco. O nosso grupo íntimo de convivência integra nossa visão de mundo e sua compreensão, em outras palavras, aprendemos a enxergar o mundo com o apoio dessas pessoas, sem elas, aquela leitura de mundo se perde. Se não aprende a criar seu próprio mundo, certamente ficará dependente da leitura de mundo de outras pessoas.

Quando em momentos muito particulares a vida exige guinadas que só podem ser feitas por nós mesmos. Essa responsabilidade de ser preciso tomar decisões sobre o desconhecido, sem ter o apoio de ninguém, obriga a encontrar coragem e ignorar a sensação de fragilidade por estar sozinho. Contudo esse momento não é tão raro quanto imaginamos, é mais corriqueiro do que se pensa. Mesmo assim, os relacionamentos de forma geral tendem a cair na dependência do outro, superestimando uma presença que não pode ocupar o espaço da sua própria vida.

Se só merecemos o que fazemos por merecer, só sai ganhando quem reconhece a solidão como alavanca para a evolução, ao invés de precisar de pessoas para confirmar suas crenças, ideias e opiniões. É preciso criar o próprio mundo e inventá-lo ao próprio sabor, fazer por merecer a própria liberdade e corresponder a responsabilidade inerente. A liberdade está escondida atrás da dor da solidão e responsabilidade, do sacrifício pessoal que cada um escolhe passar. O preço somos nós mesmos que escolhemos, mas é a vida quem exige.


A grande conclusão desse texto é mostrar que não existe o que esperar do outro, só podemos esperar algo de nós mesmos. Que a solidão diferente do que se pensa não é um momento isolado, mas um estado de espírito que não permite cobrar do outro as próprias responsabilidades e carências. As vitórias e derrotas são sempre uma constatação individual que não arrasta nenhum daqueles que escolheremos depositar nossa fé e esperança, porque no fim, estamos todos sozinhos.    

terça-feira, outubro 6

Individualista e egoísta, assim caminha a sociedade

Maren Greenpoint

Tem sido agonizante presenciar tanta arbitrariedade num momento em que se acredita testemunhar a existência da democracia. Os extremistas cada vez mais convictos de suas visões fragmentadas, fazendo reinar uma cleptocracia, enquanto continuamos caminhando com medo de olhar pros lados. Aprendendo por indução a manter um ambiente de diplomacia e confiança que já foi quebrado há muito tempo, enquanto cada um tenta garantir sua cota do rombo público.

Nesses momentos é difícil determinar se a raiva vem da própria falta de animo ou da petulância dos escarnecedores. A lei a que todos deveríamos ser fieis perdeu seu sentido no momento em que a vida foi subjugada a um preço. Desde que haja indenização, o crime é apenas uma fatalidade. O capitalismo repetiu sua estrutura valorativa nas diferentes esferas de relação social, reproduzindo injustas e mentiras em nome do ‘laissez faire, laissez passer’ (Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si próprio).

O liberalismo atingiu seu apogeu num momento em que a ciência já poderia ter nos livrado de inúmeras doenças e vícios. Se não fosse o desejo corrupto de auferir cada vez mais ganhos econômicos, hoje a sociedade poderia desfrutar de outro estágio evolutivo e humanitário. O pior não chega a ser hegemonia por si própria, mas o efeito que produz sobre o inconsciente coletivo, alienando o exercício de direitos fundamentais. As crises perderam seu efeito reflexivo e transformador, se tornaram mecanismos de aceleração do capitalismo.

Quanto mais afundamos sobre os efeitos da monetarização da vida, mais ainda aprofundamos a crise, como se fosse possível resolver o problema de um sistema que nasceu injusto, aumentando sua potência. A realidade está totalmente distorcida em favor do capital. Conquanto somente uma minoria consiga ganhar com a instabilidade, a verdade é manipulada gerando diversas anomalias. Contudo, os rombos só podem ser realizados, porque encontram escudo numa sociedade que esconde de si própria os erros, a falta de respeito e a vaidade.

A bem da verdade, todos contribuímos para a existência e avanço do capitalismo e da corrupção, porque no fundo, acabamos concordando com seu ‘modus operandi’. Seguindo a ideologia da inevitabilidade e naturalização dos desvios corruptos como se fossem inerentes ao sistema econômico e político. De certa forma, a maldade e o poder sempre marcaram a história humana, afastando a ideia de que o homem é bom por natureza.

Apesar do desejo de ser bom, o homem continua celebrando suas fantasias narcisistas secretamente, empurrando para debaixo do tapete o prejuízo das próprias atitudes. No fundo, as contradições ideológicas se complementam demonstrando que ninguém nem nada existe sem um outro diferente. Muitas vezes discutimos por coisas sem importância, muitas vezes partindo para a violência sem atacar o verdadeiro inimigo que está escondido em cada um de nós simultaneamente, pelo pacto social da civilidade.   

Caminhamos enxergando apenas o que está na frente, sabendo também, que ninguém é o que parece ser. Vivendo de acordo com a projeção dos outros sobre nós, insistindo em reproduzir e criar um mundo que não se encaixa na natureza da vida. Espalhando a tendência de ignorar o que cada pessoa tem e é, para conquistar o que não se pode ter e ser. Lutamos desesperadamente contra nós e contra o mundo, para manter um sonho e idealização que jamais poderá ser alcançado.   

Quanto mais nos tornamos obsoletos a realidade real da vida, mais tendemos a mergulhar no mundo das idealizações, projeções e sonhos. Ignorando tudo o que não se adequa as expectativas, tornando-se egoísta por acreditar que é diferente o suficiente para ser excepcional no mundo, por isso, nada mais importa, desde que se consiga, finalmente, alcançar o que jamais poderia ter. A vida real tem sido desconsiderada e banalizada para servir a uma vida superficial que não existe, tornando-nos inimigos de nós mesmos e dos outros, alienando-nos da realidade real, ora compactuando, ora obrigando, a pactuar com a ‘liberdade’ que cada pessoa possui de construir a si própria.

Já há muitos anos ecoa a pergunta sobre até quando iremos acreditar no pecado e pensar que existe bem e mal. Como se houvesse um caminho certo e seguro para definir um bom caráter. Parece que vai demorar muito mais tempo até que possamos satisfazer nossos próprios desejos e instintos sem reagir com discriminação. Levará quantos séculos até que além de tecnologia haja também uma nova consciência de amor e liberdade que não force ninguém a nada?

terça-feira, setembro 1

A Luta pela Democracia Continua



Vivemos a expectativa de uma democracia. Esperando uma época em que o povo realmente tenha a seu favor tudo o que se diz ser público. Mas a realidade só demonstra que nem de longe o que temos aí contempla os anseios coletivos, muito pelo contrário. Os direitos básicos de se comunicar, ir e vir e ter qualidade de vida têm sido coagidos por uma ordem invisível que estabelece a hierarquia do poder socioeconômico, o governo do capital na sua pura expressão. Uma ditadura velada, um sistema que funciona do jeito errado de propósito.   

Expressar-se e fazê-lo livremente tornou-se um direito complicado o suficiente para não ser exercitado pelo povo. Não temos o direito de falar o que pensamos sem temer retaliações, violência e a prisão. A palavra se tornou um instrumento perigoso que somente a mídia e os poderosos podem fazer uso sem sofrer coação. A falta de espaços verdadeiramente públicos tem nos transformado em reféns do próprio medo. Trancados em casa, ameaçados por uma violência cotidiana, com receio de pensar, de falar o que acredita.

Já não podemos expressar, não podemos sair de casa, não podemos viver nossas identidades sem medo do preconceito, da falácia moral e dos determinismos religiosos. Não podemos sonhar com um bom trabalho sem deixar de preocupar com a falta de oportunidades e o oportunismo do sistema político. Um sentimento comum que obriga um silêncio forçado, uma democracia de faz de conta que amedronta a busca pela verdade e se legitima usando mentiras.  

O bom senso e a inteligência foram surrupiados pelo egocentrismo e a acumulação. Vítimas do desequilíbrio na distribuição de renda que nos força ao desespero. Cada dia que passa, avança o poder do capital sobre nossas vidas, nos desligando de nós mesmos, de nossas raízes e dos verdadeiros sentimentos. O capital apenas alimenta nosso instinto mais primitivo de brigar entre si por uma fatia do bolo para depois colocar a culpa em nós próprios.

De fato, o que temos hoje não é uma democracia. Enquanto alguns falam de democratizar a democracia, precisamos batalhar pela verdadeira democracia. Lutar para defender o amor, a liberdade e a autonomia. Os meios tradicionais de fazer e exercitar a política já não expressam as vontades de participação do povo. Os partidos, sindicatos, associações e instituições foram arrogadas em interesses da hegemonia dominante que legisla pela precarização dos direitos coletivos e sociais, perpetuando um status quo de manutenção da pobreza e das exclusões.

Está tudo contaminado pelo jeito errado de fazer as coisas. Se os grandes podem dobrar seus lucros, os pequenos apenas sofrem de uma visão enganosa e prejudicial a si próprios. A imposição dos poderes tem gerado violência, exclusão e causado verdadeiros genocídios numa sociedade doente que prefere ver a verdade encenada pelo entretenimento. A maioria da população vive escravizada por falsas liberdades, dominada pela ordem político religiosa que determina o ensacamento das riquezas.

O tempo de dialogar e esperar mudanças, de acreditar na esperança, já se esgotou. As pessoas estão morrendo sem cair no chão. Carecemos de um impulso de vida inovador, de criar sem recriar, sem reproduzir. É preciso subverter o significado das coisas, despertar da anestesia da normalidade, desequilibrar as bases desse caos planejado. Revigorar antigas utopias capazes de causar mudanças que parecem pequenas no início, mas suficientes para estruturar reais transformações. É preciso buscar a mudança fugindo do jeito ‘certo’ e ‘errado’ de pensar e fazer. 

domingo, agosto 2

Um Minuto de toda Minha Vida




A cada gorfada de fumaça
Sai pra fora toda minha raiva e ódio
Meu pensamento voa
Raciocina, analisa
O coração bate forte
Numa disparada esquisita
Mas tudo em vão
São sentimentos
Escondidos
Amaldiçoados
Perdidos, carentes de atenção
Num deserto cemitério de recentes cadáveres
Que ficaram encostados no caminho
De toda essa injustiça
De toda essa podridão
Que me assola
Que nos assola
Vontade de gritar
Até o vidro rachar
Pra ser ouvido
E ser entendido
De negar toda essa caretice
Bradar que eu não faço parte!
Dessa guerra civil
De procriar uma sociedade injusta
Negadora da verdade
Amadora da perfeição
Que mesmo nas noites escuras
Eu posso lembrar da minha consciência
E receber o descanso dado a quem vive o que é
O sono dos justos



quarta-feira, julho 1

Personas sem Identidade



Ultimamente está difícil encontrar alguém interessado em ajudar a conspirar uma revolução, anda mais fácil planejar uma festa. Nossa sociedade tem mais interesse por sentimentos que por pensamentos, talvez isso explica o constante interesse por estar feliz. Fato é que isso está transformando as pessoas em seres alegres, sorridentes e fanáticos, indiferentes a vida coletiva, demonstrando como a vida se tornou banal. Uma sociedade que impulsiona o consumo irresponsável por um conforto momentâneo e o alívio da consciência por irônicas narrativas religiosas e pseudo espirituais.

Do hábito a prática, foi aprendido a conviver com os problemas sem interesse por resolvê-los, substituindo-os por outros ainda piores, passando-os de geração em geração, como uma crise nossa de cada dia, existente antes do nascimento e naturalizada até a morte. O sentido da vida na acepção moderna, está em sentir-se importante, especial, acima da média, ideologicamente superior aos demais, com poder suficiente para fazer o que der vontade. Esse quadro de ignorância, aumenta a falta de reflexão crítica causando uma onda de caraminholas sobre a população, deixando as pessoas havidas por sensações e emoções, ignorando princípios e valores básicos para a sustentabilidade da vida.

A modernidade está criando pessoas acomodadas e incapazes de entender como os fragmentos se juntam consolidando a sociedade que vivemos. Aprisionando as pessoas em quadrados, cheios de rótulos e especificações, deixando sem condições de encarar como a história é cheia de contradições e mentiras. Desenvolvemos sem evoluir, multiplicando a crença do ‘achismo’. Cada vez mais presos a nós mesmos, sem capacidade de entender o outro e o que realmente significa cultura, favorecendo manias e modismos que levam a uma razão sem lógica. 

A felicidade se tornou um produto, compactando o real sentido da existência, condicionando o que significa o amor. A fragilidade da opinião pública, sem capacidade de perceber o que se passa, tem viralizado atitudes non sense que se replicam rapidamente causando efeitos de massa. Acaba não fazendo muito sentido responsabilizar a opinião de massa, já que o problema não está em discutir a crise e propor soluções, está no sistema como um todo, que nasceu injusto e não pode reproduzir algo que seja justo. E assim, cada vez mais as falsas notícias ocupam a opinião pública, distraindo dos reais problemas, permitindo um estupro político sem consciência.

Ter opinião se tornou perigoso e falar sério virou piada. Vivemos em massas de pessoas ingênuas que acreditam na própria suficiência sem compreender que não vivemos sozinhos nesse mundo. A capitalização da vida individualizou as pessoas no seu próprio mundo, na sua própria classe, no seu quadrado, exprimidos e apartados da própria identidade, protegidos por uma leitura ideológica que mascara a verdade, replicando injustiças. O trágico está em como a população acelera e coaduna com os avanços do retrocesso, replicando atitudes de massa sem um pensamento questionador.
   

sexta-feira, maio 1

Ponto de Ignorância


Existe sempre uma comunicação oculta. Um espaço de silêncio que fala mais do que uma hora de conversa. O olhar, a emoção e o poder da imagem falam mais que por mil palavras. E por mais que já houve um dia em que se tenha sonhado em mudar o Mundo, logo percebe que continuamos sendo como nossos pais, repetindo seus erros e superstições. Vivemos petrificando um caráter e aceitando como verdade um ponto de vista, naturalizando um discurso cheio de pontos cegos, de assuntos que não se pode falar.

O Mundo está cheio desses pontos cegos na comunicação, de assuntos que é proibido falar, aos quais se cultua como expressão do poder. A ignorância é uma dadiva dos que pensam ter mais que os outros, usando seu dinheiro para justificar sua antipatia. Receio dizer mas existem muitos exemplos no Brasil, como reflexo da cultura machista, monocrática, hipócrita, neonazista e arcaica preponderante nos estandartes do poder. Por mais que lutem, as mulheres continuam fazendo o mesmo trabalho que os homens sem serem reconhecidas por isso.

Os hábitos naturalizados brasileiros estão tão cheios de determinações regionais, sociais, religiosas, étnicas, sexuais, ainda tão cheio de preconceito, discriminação e injustiças. Existe muita mentira se passando por verdade e muita verdade transvestida de mentira, por isso temos grandes prejuízos e poucos benefícios, mesmo assim, continuamos varrendo tudo pra debaixo do tapete. Quando finalmente pensamos que o gigante havia acordado, sobreveio uma sensação esquisita e indigesta de imobilização da política nacional e muitos retrocessos.

A política não cresce porque não há espaço para diálogos verdadeiros. Estamos cheios de pontos de ignorância e transmitimos essa indisposição para o debate apreciando o comodismo de ser hipócrita numa sociedade capitalista. Finalmente um sonho primitivo de controle da natureza foi conquistado e com ele muitas doenças, um preço que as futuras gerações não estão dispostas a pagar. Abrimos as portas para as novidades globais e temos esquecido das nossas raízes em nossas terras.

O saber tradicional dos povos antigos, a ancestralidade de nossas terras, as verdades de cada povo. Somente o amor, e pelo amor a verdade, é que poderemos reestabelecer ambientes de coerência, justiça e solidariedade. A simplicidade dessas palavras esconde a dureza de não desistir do amor pelo conforto da ignorância, pela experiência de participar desse Mundo. Esperamos primeiro a violência para depois uma conversa franca, os extremistas estão sempre ignorando o que não querem aceitar, por mais que a verdade brade cada vez mais alto.

Muitas coisas podem ser ignoradas como temos visto e existe somente uma coisa que não pode ser detida, o tempo que acaba de passar e com ele mais um lapso de sua vida enquanto lê esse texto. Precisamos de muito pouco para ser feliz, menos ainda para amar, quem sabe até não seja preciso fazer nada para aceitar a nós mesmos, nossas diferenças e amar uns aos outros, igualmente. Mais uma vez as palavras escondem o que quero dizer - talvez só o tempo possa mostrar o poder e o desafio que é não desistir do amor e assim encontrar a verdade.


Já temos muita tecnologia, conseguimos fazer clones, conhecer o espaço, prolongar a saúde, melhorar o que fazemos para sobreviver, mas agora estamos carentes de significado para a vida. Precisamos entender a revolução do amor para saltar a próxima evolução de nossas vidas. Sem perder a consciência do que somos, não precisamos parecer outra coisa para encontrar o que queremos. O Brasil é dono de uma diversidade indescritível e igualmente capaz de respeitar e deixar de tolerar o que não para de ignorar.          

segunda-feira, abril 13

A Universidade e a Desconstrução dos Sujeitos



Funcionamos como uma esponja que suga toda água que esta por perto. Interpretamos e lidamos com o mundo da forma como nos ensinam a fazer. Analisamos e nos planejamos baseados nas formas que nos moldaram a pensar e interpretar. Dessa forma, acabamos nos esquecendo de quem somos, de ser quem realmente somos, abrindo espaço para uma verdade mentirosa.

As Universidades se tornaram o canal de formação dos profissionais, onde somos forçados a abrir mão do que sabemos, para incorporar o que está escrito nos livros. De nada importa nossas experiências, nossa intuição, nossa história como ser humano. Somos preparados para ser uma engrenagem do sistema, que continua reproduzindo as desigualdades sociais, as pobrezas e a existência das minorias. Esse processo de preparo tende a nos distanciar de quem realmente somos.

Os meios acadêmicos deixaram de ser científicos, abandonamos a paixão pelo conhecimento em troca de ocupar uma função profissional que já existe. Não há tempo para dúvidas que desviem do que precisa ser ensinado, tudo que não colabora para a absorção das novas técnicas está fora do alcance da ciência do capital.

Mais forte que os equívocos culturais passados pela família de geração em geração, é o poder que a formação da Universidade têm de nos tornar seres sem consciência do que fazemos parte. Ocultando a verdadeira função da vida que é se sentir pleno e realizado. Toda a educação se molda pela propriedade, e a Universidade desconstrói as pessoas para ser recipientes capazes de dar continuidade a preservação e desenvolvimento dessa concepção mercadológica que a vida começa a ter.

Vivemos em torno da construção de uma carreira. De construir nossa própria marca sobre esse mundo, ajudando a desenvolver novas formas de propriedade. As emoções e sentidos mais profundos da vida são reduzidos e banalizados em prol de algo que parece maior que nós mesmos, mas que não é verdade. Continuamos a construir esfinges, sacrificando milhares de vidas, para deixar legados de nossa existência.  

Já fomos engolidos pelos nossos próprios sonhos e desejos. Os espaços que deveriam fazer florescer o gosto pela vida e pela descoberta, já traz respostas prontas para serem executadas. Um ambiente onde quem ensina não tem interesse de oferecer algo mais que não esteja nos livros. Os únicos exemplos de profissionais bem sucedidos, remetem a pessoas que se tornaram egoístas, cansados de descobrir os segredos da vida, vencidos pelo desejo de apenas ter mais e mais.   


Ainda há chance de ser pessoa num mundo de indivíduos. Contudo essa resposta não está nos livros, nem é segredo da cabeça dos mais estudiosos. As respostas já estão em si mesmo. Numa percepção da vida muito particular e única, ao mesmo tempo em que é universal e cheia de amor. Mesmo com todas as discordâncias que possamos encontrar e do quanto possamos ser chamados de loucos. É necessário discordar ainda que tarde, desconcertando o jeito capitalista como nos educam. 

quinta-feira, março 19

‘A paz que eu não quero conservar’*



Vivemos uma guerra da informação. Várias lutas já se consolidaram pela democratização dos meios de comunicação. Por uma mídia livre, por novas leis regulatórias e mais próximas do que realmente alcança a opinião pública. Os atuais meios de comunicação publicam opiniões sobre fatos. Um ciclo que se resume a imprimir padrões de análise falaciosos sobre as reais notícias.

As últimas informações correntes dão conta de que os Estados Unidos, por meio da NSA, monitora presidentes da América Latina e de outras várias partes do mundo. Investigam ligações, informações pessoais dos presidentes e notícias que valem milhões no mercado econômico. Por exemplo, a notícia de que uma empresa vai ter falência decretada pode valer milhões e levar incontáveis pessoas a sacar seus proveitos antes.

A petrolífera brasileira Petrobras também é alvo de espionagem, assim como outras várias grandes empresas. Informações que podem desencadear reações inesperadas de todas as partes. Muitas dessas informações provavelmente subsidiam estratégias políticas de controle econômico para promoção de cartéis velados.

Essa conduta de controle em nome da ‘segurança’ coage cada vez mais expressões públicas e cria uma ditadura digital. Mensagens privadas, localização e hábitos pessoais se tornaram uma forma de controle pelas empresas que cada vez mais comercializam informações pessoais. Os navegadores mais populares se tornaram um programa que grava hábitos e conteúdos pessoais. Uma gestora da Google chegou a afirmar que é possível dizer o que exatamente você poderia estar fazendo ou pensando agora.

Todos os sistemas se integraram formando um espectro de controle sobre cada um de nós. As redes sociais se misturaram com a vida real, os bancos se fundiram com agências aéreas, universidades, indústrias e hoje financiam grande parte das candidaturas políticas em várias partes do mundo. A Economia Verde bate à porta e promete capitalizar de vez o acesso a recursos naturais básicos, como a água por exemplo.  

A pretexto de combater malfeitores os governos causaram a ditadura velada, o politicamente correto e o ser humano normal. Os meios de entretenimento e os canais de televisão já são tidos como outra dimensão da realidade, mas mesmo com esse ar de fantasia muitas pessoas são controladas pela falta de opção. As hegemonias do capital estão cada vez mais unidas, fortalecendo cada vez mais uma lógica irracional de consumo e alienação política.  
* Trecho de Minha Alma - O Rappa / Marcelo Yuka

     

quarta-feira, fevereiro 11

Não é Normal ser Comum



Não há ninguém igual a ninguém. Nem mesmo gêmeos são a mesma pessoa. Cada indivíduo nasce com uma visão particular da realidade. Por mais óbvio que isso possa parecer, cada vez mais a diferença perde espaço para que é comum. Em tempos de globalização, aumenta a padronização e diminui a diversidade.
 
Mesmo a diversidade se tornou uma característica que tece a diferença com indiferença. As ovelhas negras tão cultuadas, estão sendo sacrificadas. Com tantos remédios e técnicas de condicionamento, até os esquisitos estão se convertendo em pessoas pseudo normais. Os diferentes estão sofrendo represália do sistema.
  
Todos que almejam liberdade e buscam sua própria verdade estão sendo compactados. A diferença foi apadrinhada como uma tolice, uma perca de tempo que gera o atraso do desenvolvimento. Como sempre, tem surgido uma visão redentora que tenta, segundo seus seguidores, pelo bem geral da humanidade, colocar todo mundo nos trilhos com o rolo compressor da igualdade.    

O que é normal não é comum, as diferenças precisam ser notadas para haver respeito. É comum pensar no bem da comunidade isolando quem não se enquadra, assim, como se algumas pessoas simplesmente não fossem normais. Vivemos sob o peso de seguir um padrão de comportamento, ação e reação, uma resposta da globalização a todos nós.

É uma verdade bastante traumática aceitar que somos diferentes e iguais ao mesmo tempo. Ainda vivemos tão iludidos com a ideia de uma comunidade onde as pessoas sejam iguais, que as diferenças normais a todos têm sido penalizadas. Enquanto isso brotam estereótipos gerando discriminação do que não é comum.

A violência, o uso da força e as piadinhas pejorativas e maldosas que culpam as pessoas por serem quem elas são, fazendo-as se sentirem erradas, sujas e deturpadas. Criam tabus, abrindo vazão às coisas que não existem, complicando o que sempre foi normal.

Sempre houve tentativas de padronizar a sociedade, custando a vida de milhares de pessoas. Pior que o nazismo, tem sido o capitalismo, que estabelece a padronização como um valor moral, comportamental e de superioridade.

Cada pessoa possui um jeito próprio de se expressar e fazer coisas habituais, mas isso quase nunca é respeitado. E começa dentro de casa, no seio familiar. Os pais têm seus filhos para cativar suas próprias vaidades. Dizem que se trata de amor, mas não deixam que seus filhos expressem suas vontades.   

Numa sociedade que valoriza a capacidade de se tornar semelhante do outro, nem sempre as diferenças são desejadas ou esperadas. A única coisa que se espera é a reinvenção do que se vive atualmente. Nenhuma novidade, sem espaço para criatividade.

Ultimamente nada que é novo, é inovador. O novo já nasceu velho e o que temos hoje não é capaz de implodir a estrutura do habitual. Vivemos o regime do sistema que controla para replicar um mundo aparentemente livre.

Os homens do capital têm controlado os recursos da vida e exigido que se continue a repetir o que é comum em troca da sobrevivência. Obrigando que eu e você sejamos repressores de nós mesmos para ter o direito de viver. Esse torturante processo de repetir as mesmas coisas em nome da comunidade, tem enlouquecido as pessoas sãs.

Se há algo que precisamos perceber é que normal é ser diferente. Simplesmente é a natureza da vida. Nada mais. Temos negado a normalidade humana na sua diversidade nada padronizada, quando na verdade a realidade reflete o contrário, somos multifacetados. Nada parecidos e ao mesmo tempo, semelhantes.

quarta-feira, janeiro 14

Necessário Incomodo do Amor




O amor não pede licença
Sentimento atrapalho que entra sem querer
Seja no susto, na confusão
Lá! Aqui!
Ele sempre fica em suspensão

Dá um susto
Sensação de: será!?
E como uma criança, continuo errante
Persistindo em amar as mesmas coisas
E por elas ser rejeitado

Olhando só para as nuvens
Esquecendo o erro que é amar
Cuidadosamente, sem nada enxergar
Se mudanças acontecem

Cada dia a loucura tenta entender
E ser entendida
O amor causa mais que cegueira
Confunde o coração

Se sem amor a vida não tem graça
Melhor errar que viver em vão
Quando a casca fica grossa como o chão
Melhor é escorrer em bolha de sabão

Viage mais em:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...