segunda-feira, dezembro 13

Sicofantas: um retrato de quem somos.



Sicofantas!? Na verdade, o que é sicofantas e o que tem haver com o nosso retrato?

Uma palavra bastante enclausurada em nossos dias, quando mais o seu sentido para aqueles que se enquadram nesse contexto. Sicofantas é uma palavra de origem grega e talvez, dependendo do contexto em que é aplicada, pode se aproximar do que consideramos “salafrário”, “caluniador”, “hipócrita”. Mesmo sabendo dessa etimologia, é necessário recordarmos seu emprego na Grécia Antiga, assim, poderemos entender o quanto essa palavra, aparentemente vazia, pode significar, ou mesmo, retratar quem somos no mais profundo âmago do nosso ser.

Antes de tudo não devemos esquecer, que falar em Grécia Antiga é trazer a memória um dos maiores impérios já vistos no mundo, com seu poder e glória. É falar no berço dos pensamentos filosóficos e na civilização que conquistou. Transladou limites e se colocou, entre tantos outros povos, como superior. É, portanto, falar dos grandes poemas de Homero, é falar de Esparta e Atenas, falar de Alexandre, O Grande. Falar em Grécia, contudo, lembra também, como se comportavam os sicofantas.
Os donos - pessoas ricas, aqueles que na Grécia tinham algo, possuiam poder e autoridade para ditar as regras, como reis - de grande terras tinham, na maioria das vezes, pomares de frutos, principalmente de figos. Contudo, havia o medo de que os pobres que andavam pelos campos roubassem os frutos de suas plantações. Para tanto, colocavam um lacaio para guardá-los, os quais quando um pobre, uma mulher, crianças, jovens, pegava algum fruto, punha-se a gritar: “ladrão”, “pega!”. Esse era o sicofanta, o indivíduo que tinha o papel de gritar em defesa do fruto se seu senhor, um lacaio a serviço dos mais favorecidos, daqueles que poderiam oferecer algo de valor. Enquanto os outros, que não tinham nada, e que procuravam algo para sobreviver - como os frutos - e os sicofantas vendo, saiam a gritar. Parece à primeira vista nos ser tão distante esse fato, mas pelo que temos presenciado ultimamente, é o que de mais atualizado os jornais tem dado conta e temos visto.

Quantos estão aí, fazendo papéis de sicofantas, dizendo que fazem o bem, que atendem aos interesses igualitários da povo. Mas que, na verdade, atende aos desejos daqueles que tem algo a oferecer materialmente. Esperando, como o lobo do chapeuzinho vermelho, sua preza para arrebanhar. Falam do povo, de nós, que fazemos tudo errado, por um motivo x, etc. Que precisamos de ajuda, porque fazemos coisas erradas, e que, por final, não conseguimos nada na vida por vivermos assim e não daquele jeito, etc. E nisso chamam tantas pessoas de fora, de segmentos estadunidenses. Como fazem os sicofantas, ao verem alguém pegando as frutas, chamam seus donos. Assim, também o fazem, ao falarem do povo, dizem que as soluções dos problemas podem vir somente se aceitarmos a ajuda dos outros. Sendo que a verdadeira solução, seja em qual contexto e lugar, deve emergir, primeiramente, daqueles que sabem e convivem com o problema de perto. Somente aqueles que padecem podem achar a solução, mesmo que isso seja um trabalho árduo. E não aqueles que vivem praticamente em outro mundo e espaço, alheios a verdadeira realidade. E, infelizmente, quando se deparam com as pessoas pegando os frutos (Que , na verdade, são as pessoas tentando achar a solução de seus problemas), querem culpa-las, e dizer que "não é dessa forma que você vai conseguir, mas do meu jeito." Logo gritam por seus donos e, pronto, está resolvido o problema. Será que os problemas acabam dessa forma?

Deveras vezes temos feito papel de sicofantas, precisamos abrir nossos olhos e deixar que as escamas caiam de para ver a realidade que não queremos ver ou simplesmente não interferir.

Alan Ricardo

quinta-feira, dezembro 2

Talvez não me esqueça de ti.

Acordei com olhos de vidro por conta de vós. Chorei solenemente lembrando que minhas idéias não se tornaram invento da vontade. Pra mostrar que sonhei em te carregar na sexta de minha lambreta cor de amarelo. Caminhar de mãos dadas te exibindo pela rua sempre ao sol sem que minha pele se bronzeasse mais. A tristeza é grande. Começo a ter o sentimento que por esses instantes de minha vida estive morto. Vós, minha morena de colo. Como isso pôde acontecer. Soluço e as lágrimas escorrem fazendo o suficiente para que tudo se transforme num desconforto agonizante. Confesso-te que minhas idéias não eram reais e que de repente possa ter exagerado.

Olhe-me nesse chão verde e não se esqueça do que vê. Esse meu desespero foi por causa de você morena linda. Sou negro sei. Nem por isso negar-me é o melhor. Poder-te-ia chamar de negra de luz todo santo dia. Trazer banana no cacho quando vós pedirdes. Caju maduro e doce do manguezal. Melado e camarão fresco. Era vós a deusa das minhas ilusões. De tão negra branca. Do nariz tão grande que me emociona.

Ó morena deusa, tem certeza que vai mesmo? Como me dói negra, saber que vai e não voltará. Não adianta tentar me levantar e dizer tudo isso por conta de que nada vai mudar. Nem vou permitir-me tocar vossa pele com cheiro de rosas para dizer adeus. Mesmo que saiba no que me tornarei tenho certeza que não te abalarás. Vai, pois te amo. Vou correr daqui a pouco depois de não te ver pra poder exercer a liberdade que chegou já faz tempo. Demonstrar pra mim mesmo que posso encontrar outra deusa.

Vou nutrir vossa aparência em minha cabeça como a negra dos sonhos que me fez amar. E chamar pra ti um amor justo. Depois do sacrilégio dos próximos dias vou banhar no riacho perfumar-me e correr pro centro ver os lugares que nos amávamos e víamos o povo feio do bairro. Vai, pois te amo e se isso é o melhor pra ti, logo concordo e mando que corra em busca do que te faz feliz.

Só não permita que lhe fuja da cabeça minha feitura e meus sentimentos por vós. Guarde bem tudo o que digo e volte de onde vai sempre que quiser sentir, ver e tocar. Estimo-te mais do que pensava. Chorarei por mais meia hora e não me lembrarei do fato de que já se foi. Ensaiarei novas idéias. Vai...

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