quarta-feira, julho 1

Personas sem Identidade



Ultimamente está difícil encontrar alguém interessado em ajudar a conspirar uma revolução, anda mais fácil planejar uma festa. Nossa sociedade tem mais interesse por sentimentos que por pensamentos, talvez isso explica o constante interesse por estar feliz. Fato é que isso está transformando as pessoas em seres alegres, sorridentes e fanáticos, indiferentes a vida coletiva, demonstrando como a vida se tornou banal. Uma sociedade que impulsiona o consumo irresponsável por um conforto momentâneo e o alívio da consciência por irônicas narrativas religiosas e pseudo espirituais.

Do hábito a prática, foi aprendido a conviver com os problemas sem interesse por resolvê-los, substituindo-os por outros ainda piores, passando-os de geração em geração, como uma crise nossa de cada dia, existente antes do nascimento e naturalizada até a morte. O sentido da vida na acepção moderna, está em sentir-se importante, especial, acima da média, ideologicamente superior aos demais, com poder suficiente para fazer o que der vontade. Esse quadro de ignorância, aumenta a falta de reflexão crítica causando uma onda de caraminholas sobre a população, deixando as pessoas havidas por sensações e emoções, ignorando princípios e valores básicos para a sustentabilidade da vida.

A modernidade está criando pessoas acomodadas e incapazes de entender como os fragmentos se juntam consolidando a sociedade que vivemos. Aprisionando as pessoas em quadrados, cheios de rótulos e especificações, deixando sem condições de encarar como a história é cheia de contradições e mentiras. Desenvolvemos sem evoluir, multiplicando a crença do ‘achismo’. Cada vez mais presos a nós mesmos, sem capacidade de entender o outro e o que realmente significa cultura, favorecendo manias e modismos que levam a uma razão sem lógica. 

A felicidade se tornou um produto, compactando o real sentido da existência, condicionando o que significa o amor. A fragilidade da opinião pública, sem capacidade de perceber o que se passa, tem viralizado atitudes non sense que se replicam rapidamente causando efeitos de massa. Acaba não fazendo muito sentido responsabilizar a opinião de massa, já que o problema não está em discutir a crise e propor soluções, está no sistema como um todo, que nasceu injusto e não pode reproduzir algo que seja justo. E assim, cada vez mais as falsas notícias ocupam a opinião pública, distraindo dos reais problemas, permitindo um estupro político sem consciência.

Ter opinião se tornou perigoso e falar sério virou piada. Vivemos em massas de pessoas ingênuas que acreditam na própria suficiência sem compreender que não vivemos sozinhos nesse mundo. A capitalização da vida individualizou as pessoas no seu próprio mundo, na sua própria classe, no seu quadrado, exprimidos e apartados da própria identidade, protegidos por uma leitura ideológica que mascara a verdade, replicando injustiças. O trágico está em como a população acelera e coaduna com os avanços do retrocesso, replicando atitudes de massa sem um pensamento questionador.
   

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