Ultimamente está difícil
encontrar alguém interessado em ajudar a conspirar uma revolução, anda mais
fácil planejar uma festa. Nossa sociedade tem mais interesse por sentimentos
que por pensamentos, talvez isso explica o constante interesse por estar feliz.
Fato é que isso está transformando as pessoas em seres alegres, sorridentes e fanáticos,
indiferentes a vida coletiva, demonstrando como a vida se tornou banal. Uma sociedade
que impulsiona o consumo irresponsável por um conforto momentâneo e o alívio da
consciência por irônicas narrativas religiosas e pseudo espirituais.
Do hábito a prática, foi aprendido
a conviver com os problemas sem interesse por resolvê-los, substituindo-os por
outros ainda piores, passando-os de geração em geração, como uma crise nossa de
cada dia, existente antes do nascimento e naturalizada até a morte. O sentido
da vida na acepção moderna, está em sentir-se importante, especial, acima da
média, ideologicamente superior aos demais, com poder suficiente para fazer o
que der vontade. Esse quadro de ignorância, aumenta a falta de reflexão crítica
causando uma onda de caraminholas sobre a população, deixando as pessoas
havidas por sensações e emoções, ignorando princípios e valores básicos para a
sustentabilidade da vida.
A modernidade está criando
pessoas acomodadas e incapazes de entender como os fragmentos se juntam
consolidando a sociedade que vivemos. Aprisionando as pessoas em quadrados,
cheios de rótulos e especificações, deixando sem condições de encarar como a
história é cheia de contradições e mentiras. Desenvolvemos sem evoluir, multiplicando
a crença do ‘achismo’. Cada vez mais presos a nós mesmos, sem capacidade de
entender o outro e o que realmente significa cultura, favorecendo manias e
modismos que levam a uma razão sem lógica.
A felicidade se tornou um
produto, compactando o real sentido da existência, condicionando o que
significa o amor. A fragilidade da opinião pública, sem capacidade de perceber
o que se passa, tem viralizado atitudes non
sense que se replicam rapidamente causando efeitos de massa. Acaba não fazendo
muito sentido responsabilizar a opinião de massa, já que o problema não está em
discutir a crise e propor soluções, está no sistema como um todo, que nasceu
injusto e não pode reproduzir algo que seja justo. E assim, cada vez mais as
falsas notícias ocupam a opinião pública, distraindo dos reais problemas,
permitindo um estupro político sem consciência.
Ter opinião se tornou perigoso e
falar sério virou piada. Vivemos em massas de pessoas ingênuas que acreditam na
própria suficiência sem compreender que não vivemos sozinhos nesse mundo. A
capitalização da vida individualizou as pessoas no seu próprio mundo, na sua
própria classe, no seu quadrado, exprimidos e apartados da própria identidade,
protegidos por uma leitura ideológica que mascara a verdade, replicando
injustiças. O trágico está em como a população acelera e coaduna com os avanços
do retrocesso, replicando atitudes de massa sem um pensamento questionador.
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