sexta-feira, novembro 30

"Meu Brasil brasileiro, meu mulato estrangeiro (...)"

Conexão política

A cada dia que passa cresce a minha frente, como um câncer, diversas anomalias que não permito passar sem fazer minhas ressalvas. Se você esta confuso, sugiro pensar nisso como a relação de pai e filho, onde o pai briga com o filho na tentativa de "consertar" os passos errados do filho pródigo. E como ser humano que sou, de certa forma pai, sinto-me na obrigação de contribuir ou ajudar a bagunçar ainda mais com o que ainda posso ter: opinião. 

Antes de sentar pra escrever esse texto fiquei pensando nas ultimas coisas que foram noticia: mensalão, crise econômica, violência, desastres ambientais, morte de Elisa Samudio, fim do mundo em 2012 e etc. Não foi difícil concluir que apesar de não ser possível prever o futuro, a coisa não esta fácil pra ninguém. E não é preciso esperar por coisas boas, porque não chegarão. Pelo menos é o que posso deduzir quando leio as noticias. 

E como não falar do Mensalão no Brasil?! Um dos grandes casos de corrupção foi julgado pela primeira vez. E pra se ter uma ideia, nenhuma lei nacional especifica regula o que se chama de "crimes do colarinho branco". Existem sim vários marcos legais que determinam o cuidado com a coisa pública, ou seja, o zelo com o que é de todos, em palavras mais técnicas, a tal probidade administrativa. Mas na ausência de seu cumprimento e de quem o possa exigir, tudo o que se tem de lei contra a corrupção passou e tem passado como se não existisse. Caso contrário não haveria corrupção no Brasil. 

Ao final de tudo o que foi e é esse julgamento, ainda não sei dizer o que vai ficar como resultado dessa história toda. Não sei se teremos uma nova lei pra resolver o problema, se alguém aprendeu que corrupção não é uma coisa boa ou se o povo brasileiro realmente assimilou o que se passou por terras tupiniquins. Fica difícil saber a repercussão desse tipo de coisa quando a impressão de quem vive por aqui é a de sempre estar sempre roubado, seja pelas empresas, pelo governo ou pelos ladrões nossos de cada dia, é como se isso não mudasse muita coisa. 

Falando em roubo, tenho pensado no quão difícil tem sido estar vivo em solo brasileiro. O tal Estado, teoricamente responsável por garantir segurança, saúde e educação (Teoria do Estado Minimo, resultados do Neoliberalismo), não me oferece nada disso. Se quero segurança preciso instalar cerca elétrica, se procuro por saúde de qualidade, irei eu para o plano de saúde (Pago), e por fim, se existe vaga em uma instituição publica de ensino, quando há, é mega concorrida para depois entrar de greve duas vezes ao ano.

Falam em crise economia, vejo mais uma crise civilizatória. O ser humano foi deixado de lado, hoje temos estruturas burocraticas que nos impedem de fazer até o que é certo. Enquanto que de outro lado temos a mais pura balburdia política e institucional protegidos pela ignorância alheia e pelas brechas que encontram.Muitas brechas preparadas pelos próprios politicos.

O Brasil pode chegar a ser o país de primeiro mundo que alguns autores e intelectuais pensaram um dia. Realmente temos tudo o que é necessário para produzir um novo modelo de sociedade, de bem-estar, mas falta o mais importante: reflexão politica, amadurecimento da população e do poder politico através da população. Deve haver uma relação forte o suficiente entre o poder politico e a população, essencialmente os dois devem sempre andar paralelos, sempre acompanhando as mudanças.

Pensar nisso e acreditar no que pode resultar desse tipo de relação sócio-politica parece conseguir dar a oportunidade de escolha a quem vive em sociedade. Escolher o que irá acontecer com o país no qual no qual se vivi. Esse parece ser o mais adequado. A opção de liberdade. De construir algo que realmente contemple a sociedade.
     


terça-feira, outubro 16

Realidade Paralela



Escher

Com o desenvolvimento de técnicas de controle mental e social, a ciência deixou de investigar os reais parâmetros de sofrimento humano e começou a pesquisar como controlar pessoas. Houve uma troca de valores, ao invés de tentar entender a realidade foi criado um mundo paralelo em que as pessoas se viram incluídas. O que é real se tornou místico e o místico se transformou em realidade para controlar mais pessoas e garantir o poder centralizado. A verdade e sua capacidade transformadora foram deixadas de lado.

Hoje vivemos o estopim do místico como sendo realidade. Mitos que se solidificaram como sendo verdades. Camadas de verdade que fizeram com que a informação se tornasse um dos bens mais preciosos. Como se a verdade estivesse em cápsulas que são guardadas a sete chaves.

Realidade, religião e tecnologia parecem ter se fundido num mundo mágico em que não se consegue distinguir o real do imaginário. Quanto mais rígido um sistema de convicção mais ele parece se firmar em bases imaginárias e místicas.

Ao contrário do que esperavam alguns grandes teóricos de dois séculos atrás, o emergir da tecnologia não conseguiu libertar a sociedade de pensamentos e hábitos mesquinhos e irracionais. Pelo contrário, o misticismo de momentos históricos anteriores ainda é tenramente perceptível no cotidiano moderno e se torna plastificado pelo efeito tecnológico e pirotécnico do entretenimento moderno. 

As músicas eletrônicas e toda a parafernália moderna conseguiram dar a pobre ideia de renovação e modernidade. Como se o que se pode viver hoje, não tivesse jamais sido cogitado e feito. Essa sensação de novidade cria nas pessoas a sensação de desconsideração do contexto histórico e lhes dá a impressão de que estão no auge. Como se pudessem viver a oportunidade que muitos não tiveram.

Nasce dentro das cabeças humanas a pobre sensação de auto controle e liberdade. E quanto mais essa ideia é atiçada, mais a ideia paralela de um mundo surreal é fortalecida. Quanto mais as pessoas se entusiasmam com as tais maravilhas do mundo moderno, mais se tornam escravas de um sistema que na verdade não existe.

A ilusão de acreditar em uma realidade diferente do que a que se vive, criou um novo espaço na mentalidade social. É como se a vontade de acreditar em algo diferente do que é concreto, conseguisse criar uma realidade paralela em que nada é real, quando na verdade isso existe somente no campo da mente. Contudo, com o incentivo constante desse modelo, criou-se um modelo de vida paralela.

A realidade foi ignorada e a fuga social se tornou a criação de um mundo que não existe. E nessa “onda” de um novo mundo, muitos se perdem e incorporam uma personalidade que não lhes é natural e nem é condizente com a real realidade. Essa realidade paralela aprisionou muitas mentes e acabou por realmente existir no imaginário, mas não na concretude da real realidade.   

Trata-se de um controle que se assemelha a uma membrana por sobre a realidade. Mais intenso do que isso é perceber que existe a necessidade de se relacionar com esse modo de interpretação da vida para se conseguir estabelecer relações necessárias à própria sobrevivência. E nessa de provar do irreal para permanecer existente vamos nos contaminando com uma vida que não é real, mas que nos suga e exige nosso comprometimento com uma vida que não queremos, nem concordamos.  

sábado, setembro 29

Momentos



Frequentemente – e quase sempre – a vida nos pega pelo braço e, sem permissão, lança-nos no mar aberto. É difícil compreender isso, mas, por algum motivo, nós estamos lá, sozinhos em alto mar, agarrados na mais profunda solidão (e esperança). Por vezes, é necessário que as águas salgadas da vida encham nossos pulmões, e os peixes mais profundos do mar (como tubarões), comam as escamas que obstruem nossa visão. Mas, depois de todo sofrimento, e de quase naufragar e morrer nesse mar horrível da vida, é que ela (a vida), nos traz de volta para a terra firme. Apesar desse processo doloroso, quando chegamos à praia, finalmente, vem à sensação de alívio. “O sofrimento foi grande, porém, agora vem à eterna alegria”.
BUUUMMM... como sempre, a vida nos mostra que , embora tenhamos aprendido alguma coisa, a caminhada nada para por aí. Ao contrário, é o momento mais importante: a hora de caminhar. Sim, exatamente aí, na praia, chegou a hora de andar e enfrentar, como nunca antes, esse mundo desconhecido que, aliás, a cada dia, nos coloca desafios diferentes.
Nesse sentido, a vida é feita de momentos (não eternos). Somos (biologicamente) seres momentâneos. Como a neblina matinal que, pela manhã fria, encontra-se numa determinada localidade, mas, em outro, desloca-se para outras partes, a vida humana é, por assim dizer, um milésimo de segundo dentro de uma eternidade mítica. É como piscar os olhos e, tempo depois, desvanecer abruptamente.
Cada ser humano passa por momentos difíceis e, não muito raro, felizes. A felicidade, como o próprio pai da psicanálise dizia, Freud, é momentânea. Não existe “a felicidade”, mas pequenos momentos e ínfimos frascos de gotículas derramadas num oceano insalubre de nosso viver.
 Os espinhos existenciais, ao lado do aroma doce e amargo da vida, nos trás belas sensações e períodos altamente refrescantes. Porém, os espinhos sempre, não adiante fugir, aparecem com veemência e sem aviso prévio.Por mais que tentamos negá-los, perfuram partes de nossos corpos. Isso dói. O sangue emerge como gotas bombásticas, fazendo-nos, simultaneamente, sentir a sensação melindrosa de viver. "Nem tudo são flores", diz o provérbio. Sim. Mas nem tudo se resume a flores e, nessa caminhada incerta do ser humano, os espinhos são, para o nosso bem, o Tendão de Aquiles, às vezes, a parte da teoria incompatível com a realidade, a imperfeição no corpo de uma mulher juvenil, etc. É, nesse sentido,  o momento antecessor ao desabrochamento completo da flor de seu período de maturação, aliás: nem tudo são flores!

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sábado, agosto 25

Parte I:Pequenos contos fantástico de um camponês.

Como o renascer das cinzas, o Sol, com grandes lampejos de claridade uivante, levanta-se sobre o vilarejo da Cidade de Pedra. Fuller, pequeno camponês e agricultor, visualizou, de seu quarto, o amanhecer do dia. Um lindo momento, anunciando, na linguagem do universo, o triunfo da luz sobre a escuridão. Era como assistir, de perto, o nascimento de uma criança e ao receber o dom da vida, lutar, a cada dia, para o seu desenvolvimento.

A imagem produzida pela luz fazia, então, de modo total, refletir uma sombra no rosto de Fuller. Sabia, finalmente, que estava na hora de levantar-se. Lançando seus braços na parte mais baixa de seu cabelo, ao lado da orelha direita, balanço seus braços no cabelo e rapidamente olhou de banda procurando, com olhar sonolento, seu calçado feito de casco molhado de urso-pé-de-pano . 

Ao colocá-lo, abruptamente, levantou-se gradualmente e foi em direção à sala de comida. Escutou, de modo estrondoso, o cantarolar suave de uma linda voz. Obviamente, não poderia ser naquela hora da manhã, sua filha. Costumava acordar com a luz batendo na parte leste da casa, no momento em que o sol, assim como o barulho dos pássaros, ecoava no seu quarto. Certamente, a voz era de sua mulher. 

Nos últimos dias, tinha-se costume de acordar e ouvir sua mulher cantar. A cada desabrochar da manhã, e, às vezes, durante o final da noite e antes de mesmo de levantar-se de sua cama nas madrugadas frias, Fuller, ouvia, prazerosamente as canções criadas por sua mulher. Nessa manhã, o conteúdo da música continha algo diferente. Não se tratava, aliás, como era de costume, de batalhas antigas, lutas no mar, damas sendo salvas por seus cavaleiros, mas, de algo relacionado ao impossível .... uma palavra que embalava as outras palavras. Cada uma conjugava-se com a outra, chegando, em determinado momento, misturar como sinônimos as palavras e produzir , de certa forma, um efeito maravilhoso de alegria e paz. 

No fundo, aquelas palavras e o entoar melódico, faziam Fuller sentir o coração bater aceleradamente; uma sensação fora do comum, mas, que trazia um alívio existencial e aniquilava, a um só tempo, todos os sentimentos mortíferos. Num canto suave e purificador, a mulher entoava melodicamente: 


 O impossível, eu vejo num desejo 

 A possibilidade da impossibilidade

 me faz caminhar em meio ao mar tempestuoso 

A realização dos sonhos num olhar 

A estrela da manhã brilha sem parar

As flores da esperança, nascem, com vivacidade
no mais insólito pântano

 Com um olhar, e simplesmente, com um desejo eu posso confiar

 O impossível, pois, há de se realizar.


Fuller, sabia, visivelmente, que os deuses do Vilarejo eram reverenciados por toda a comunidade. Sua família, em especial, habituara-se a cultuar vários deuses. Mas, nas palavras pronunciadas por sua mulher, nunca tinha ouvido a palavra impossível. 

A princípio pensou seriamente que a mulher tinha retirado de alguma canção do vilarejo ou das Terras Distantes a palavra impossível. Tentou perguntá-la a respeito, porém, resolveu deixar de lado e ir para a colheita. Nos últimos dias, as terras da Cidade de Pedras estavam, em todos os cantos, frutíferas. Tudo que plantava, menos de um mês, brotava em abundância. Para Fuller, era uma ótima oportunidade para se plantar e, como resultado, adquirir uma colheita para durar todo o verão. 

 Naquela manhã, como em outros dias, despediu-se de sua mulher e de sua filha primogênita e, de modo alegre, partiu para a colheita. Sua pequena plantação ficava perto do lado Naisse, encostado com a grande Mata Brilhante. Na banda oriental, estreitando a floresta cinzenta; ao lado de sua plantação localizava-se as terras de seu grande amigo, Mairrou. 

Tinham se conhecido ainda na infância, quando o rei doou, em razão da vitória conquista no leste do reino, as regiões triangulares para os camponeses. Seus antepassados receberam uma vasta região para cultivo. Desde aquele dia, marcado por festas e comemorações, as famílias de Fuller e de Mairrou haviam guardado zelosamente a região para plantação e venda no mercado principal da Cidade de Pedra, o Pedregoso.

Parte II:Pequenos contos fantásticos de um camponês.


Em decorrência da grande plantação, era possível ir todos os dias no mercado Pedregoso e vender, com grande facilidade, os frutos colhidos. Aquele dia não seria diferente. Chegando ao Pedregoso seus frutos foram vendidos rapidamente. Só ficaram pequenas frutas para as crianças. 

Pedregoso era visitado por todas as pessoas do vilarejo, até o rei e seus filhos visitavam, com certa frequência, o mercado principal. Além das mercadorias, como frutos, bebidas, comida para viagens, etc., Pedregoso era um lugar para as pessoas famintas matarem sua fome. Depois de vender todos os seus frutos, Fuller, tinha o costume de falar pequenas contos e históricas para as crianças que passeavam ou viviam em Pedregoso. 

No fundo, sabia claramente, que suas histórias não resolveriam todos os problemas das crianças, mas, poderia ajudá-las a terem esperança e força de vontade. De certo modo, as histórias, pensava Fuller: eram como pequenas sementes lançadas num terreno pedregoso cheio de obstáculos, mas mesmo com todos os problemas, as sementes poderiam um dia frutificar e, assim, produzirem frutos maduros. 

-Crianças, hoje minha mulher cantou um música pela manhã sobre o impossível. Vocês sabem o que significa?-. Muitos não souberam responder, mas, de modo geral, falaram que era acreditar em algo, ir além das possibilidades. 

-Não se preocupem. Hoje, diferente de outros dias, contar-lhes-ei um conto diferente chamado “O impossível”. Preciso que todos prestem atenção, pois, nos simples detalhes, será revelado grandes segredos e maravilhas invisíveis para a mente. Lembrem-se: o essencial , por vezes, é invisível aos olhos.Assim, ouçam com o coração e não com o raciocínio puramente lógico.

Costumeiramente, antes de iniciar seus contos, Fuller, sempre pegava o resto das frutas que sobravam e, para tranquilizar as crianças, repartia-os a todos igualmente. Somente após a distribuição dos frutos para as crianças era que, de fato, iniciava seus pequenos contos. 

 “Conta-se nas antigas Cidades de Pedras, na antiguidade, um pequeno conto que mistura fantasia, tanto em seu sentido originário, como em interpretações mais recentes, intitulado “Estrela e o Homenzinho pequeno”; é a mais bela história de romance de todas as épocas. Na verdade, é difícil dizer com exatidão à época que ocorreu a história, igualmente, o local. Porém, os escribas e sábios dizem que os acontecimentos desenrolaram-se no Castelo perto do Mar, para lá da Muralha do Tigre, onde as flores desabrochavam constantemente e o brilho das estrelas assumem , em noites sombrias e fantasmagóricas, o lugar do Sol . 

Homenzinho pequeno, como era conhecido pelo povoado, sempre adorou pensar no impossível. Para ele o impossível era, em resumo, uma película sobreposta no mundo material; no entanto, a realização do impossível dependia, para além das condições materiais, da vontade (única) das pessoas. 

Para Homenzinho, as pessoas do vilarejo, sempre perguntavam e afirmavam: “ como isso possível?” , “de acordo com as condições naturais, isso é não dá certo!”, etc. Antes de perguntar se algo era possível, segundo Homenzinho, as pessoas deveriam perguntar a si próprios : “será que desejo isso”. Se desejassem, o impossível seria, nesse caso, uma simples consequência e não uma limitação. 

Portanto, para Homenzinho pequeno, o impossível ganhava materialidade a partir do desejo de torná-lo uma realidade concreta. Sonhos e, acima de tudo, projetos não realizados eram, segundo o mesmo, reflexos díspares do mundo material sobrepondo ao mundo dos desejos, ou melhor, o mundo do impossível ofuscando o possível. Nesse jogo, o mundo material (impossível) lutava constantemente contra o mundo dos desejos (impossível). Essa luta, segundo o próprio Homenzinho, era constante em toda história da humanidade.

 Era difícil saber, como Homezinho chegava a essas conclusões, considerada, pela sua família e, principalmente, pelo vilarejo, como questões absurdas, fora do comum e sem relevância.

Parte III:Pequenos contos fantásticos de um camponês.




Em toda sua vida, Homenzinho, e ainda desde pequeno, sonhada com um acontecimento que iria mudar, por completa, sua vida, e comprovaria sua tese, isto é: a realização do impossível. Não sabia direito o porquê de sonhar com coisas relacionadas ao impossível, ou o desejo ardente de acreditar fielmente nessas questões.
 A única coisa que sabia, naquele momento, era que de alguma forma, menos dias ou não mais dias, sua vida mudaria integralmente. Certa noite, quando chegou da Festa Real com sua família, entrou calmamente em seu quarto e deitando na sua pequena cama, olhou para janela , quando, surpreendentemente, visualizou no céu uma estrela radiante. 
Não tinha percebido aquela estrela, pois, em dias anteriores, nunca tinha visto-a ali, como também, nunca tinha se lembrando de uma estrela brilhar daquele jeito. Pensou que talvez aquele brilho signifique alguma coisa, como “a terra está entrando numa grande tempestade”, “os mundos estão dançando a dança do universo”, etc.. 
Entre pensamentos frívolos, Homenzinho pequeno, passou a vida toda observando à brilhante estrela e perguntando-se: será que alguém nos observa lá de cima? Os deuses escutam nossas orações?... 
No dia de seu aniversário, no vigésimo ano de seu nome, pediu, ao olhar para estrela, o seguinte: - Estrela brilhante, evidentemente, sabe que, durante toda a minha infância e adolescência, tenho observado-a constantemente. Sua luz, e sua imagem me surpreendem. Gostaria, caso fosse possível, de conhecê-la – Homenzinho pequeno, disse aquelas palavras acreditando, fielmente, que a estrela escutava-o.
 Passaram-se dias, anos.... e, num crepúsculo da tarde, ao chegar em casa, Homenzinho observou que a Estrela brilhava de forma diferente. Não era um brilho normal, pois, diferente dos outros dias, o brilho parecia enchê-lo de vida; cada batida de seu coração era como torrentes do oceano que não parava de cessar, mas, a cada minuto, aumentava gradualmente; sua mente borbulhava de pensamentos fumegantes e, maior do que poderia mensurar, já não via as coisas do mesmo jeito, tudo parecia diferente; sentia seu corpo leve e, como no desabrochar de uma flor, foi levado, naquela noite, para perto da estrela brilhante. 
Com os sentimentos humanos, Homenzinho pequeno, jamais poderia descrever o que sentiu. A Estrela, apesar do brilho imenso, também possuía a forma de um ser humano, ou melhor, dizendo, uma linda mulher. Seus olhos eram fumegantes, seu cabelo loiro e sua pele branca como o mármore esculpido. Naquele momento, o impossível, que tanto pensava, era possível. Estrela e Homenzinho viajaram por toda galáxia, conhecendo outras estrelas, descobrindo planetas novos, etc. Além disso, Estrela contou para Homenzinho, todos os segredos do universo, desde o porquê da existência das estrelas e cometas, como também, dos seres humanos.

Parte IV:Pequenos contos fantástico de um camponês.

Entre tantas descobertas, Homenzinho, descortinou um novo mundo que, diferente de tudo que presenciou ou viu na terra, era completamente maravilhoso. Num dia lindo, em que as estrelas estavam festejando a passagem pelo Planeta Gelado, Estrela sentou perto de Homenzinho, e com a voz altamente suave, disse-lhe: 

 - Não tinha falado, mas, desde o momento que você acreditou na minha existência, daqui de cima, eu consegui detectar sua existência na terra. Isso nunca tinha acontecido com os seres do espaço, principalmente, com as estrelas. Nunca conseguimos entrar em contato com um ser humano, pelo simples fato de não acreditarem em nossa existência. Mas você, Homenzinho, acreditou no impossível; na minha existência e, por causa disso, tudo que está acontecendo e, especialmente, este momento foi possível graças a você – Estrela fez uma pausa nas suas palavras, mas olhando para Homenzinho e, como labaredas de um cometa em movimento, sussurrou: 

 - Eu te amo!-. Naquela noite, Homenzinho e Estrela tiveram uma noite de amor. Desejos e emoções se entrecruzavam reciprocamente.... No dia em que estava passando perto da Lua, a brilhante Estrela perguntou sobre a existência de flores na terra. - Homenzinho, daqui de cima, às vezes eu consigo olhar um figura muito bonita na terra. Possui cores magníficas que nunca encontrei no espaço. O que é? – Sem hesitação, Homenzinho respondeu-a: 

 - Querida Estrela, na terra, nós humanos chamamos de flores. Realmente, elas são bonitas-. Mas querendo saber mais, Estrela fez a seguinte pergunta para Homenzinho. – Daqui uns dias, nós selamos nossa “união espacial”. Quando isso ocorrer, você não poderá voltar para a terra e assumirá a forma de um cometa, assim como meus irmãos. Antes de isso ocorrer, para a “união espacial”, eu queria uma flor da terra. Mas, é necessário lhe avisar: os cometas e as outras estrelas dizem, que, uma vez que estamos no espaço e voltamos para a terra, é muito difícil voltar para cá. Muitos falam, aliás, que existe somente uma viagem de ida e não de volta. Ao pronunciar essas palavras, Homenzinho, sentiu uma dor no coração, porém, como acreditava no impossível, afirmou enfaticamente: 

 – Estrela, sei que talvez isso possa acontecer, mas, pelo amor que senti por você, é importante que nossa “união espacial”, seja marcante. Pode ter certeza, que estarei aqui com suas flores. Não se preocupe, a força do impossível que me trouxe até você, é a mesma que irá trazer-me de volta! – Ouvindo as palavras de Homenzinho, a brilhante Estrela, sem muita preocupação, concordou que, no dia seguinte, Homenzinho, estaria partindo para Terra em busca das flores para a “união espacial”. 

 Ao chegar a terra, Homenzinho, encontrou sua família. Muitos perguntaram por onde tinha andado esses cinco dias. Homenzinho, porém, falou que tinha ficado cinco anos fora de casa e não cinco dias. Foi a partir disso que concluiu , então, que  o tempo no espaço era diferente do tempo na terra. 

Além disso, contou-lhes o que havia acontecido, mas, como ninguém acreditava nele, ou melhor, no impossível, acharam que estava ficando maluco; que tinha bebido o vinho dos deuses malignos. As palavras de sua família, e até dos melhores amigos, eram como grandes pedras levantadas ao mais alto cume e jogadas sobre seus sonhos e desejos. 

Depois de falar para sua família o que tinha acontecido, Homenzinho, foi, naquela tarde, buscar as flores para sua amada. Recolheu do jardim do Rei flores bonitas; algumas de cores brancas para combinar com a pele de Estrela, e outras flores vermelhas, amarela, etc. Quando tudo estava concluindo, despediu de sua família. Nesse momento, muitos perguntaram para onde ele iria e, com toda confiança, Homezinho disse que, naquele dia, estava indo definitivamente para o espaço se casar com sua Estrela. Tudo estava preparado lá no espaço e seu regresso a terra era somente para pegar as flores. 

Muitos riam de Homenzinho e, na oportunidade, fizeram comentários jocosos. No entanto, Homezinho esperou anoitecer e, como na primeira vez, olhou para o céu e esperou o momento certo para ir embora. Viu sua Estrela brilhando no céu e segredando pronunciou em alto tom:

– Adeus a todos. A partir de agora, estou indo encontrar meu amor e não voltarei para a terra. Adeus mãe, adeus irmãos, adeus terra – Suas palavras eram penetrantes como fogo ao atingir a partes mais escuras de uma caverna. Sussurrou, gritou e exclamou freneticamente, no entanto, não conseguiu entender o que estava acontecendo. Desde o momento que pronunciou suas palavras, até então, tinha se passado horas e, por incrível que pareça, nada tinha acontecido. 

Homenzinho pequeno, sem muitas palavras, olhou para o céu, visualizando de longe sua estrela, e, ao sentir as lágrimas caírem nas maças de seu rosto e esquentar , subitamente,  sua  pela macia , gritou num som monocórdico: - Minha Estrela, minha amada Estrela, eu ainda vou encontrá-la, e por maior que sejam as forças do impossível, creio fielmente que voltarei para seus braços. Eu prometo! Além do que os olhos podem ver; que o coração possa sentir, no meu coração, bate um sentimento por você; um desejo que, maior do que tudo que possa existir no mundo, grita pelo seu amor. Eu te amo!

 E aqui chega ao fim o pequeno conto de Homenzinho Pequeno e sua Estrela Brilhante”

 Ao terminar de falar, percebeu-se no rosto das crianças e até dos adultos que estavam ouvindo, atenciosamente, o conto, uma expressão triste, mas, acima de tudo, um brilho esperançoso. Dando seguimento ao término do conto, Fuller, pronunciou, em poucas palavras, o resta do conto: 

“Muitos livros dizem, e principalmente, os sábios, que essa parte da história é inconclusa, e não sabem exatamente o que aconteceu com Homenzinho a partir de então. Alguns dizem, e com certa razão, que as palavras da família e dos amigos, atingiram o âmago da fé de Homenzinho, fazendo-o, acreditar mais no possível do que no impossível. No entanto, o mais preciso é que, depois de tudo, Homenzinho pequeno, antes de dormir, sempre olhava para sua brilhante Estrela no céu e nas noites mais escuras e frias cantava poderosamente: 

O impossível, eu vejo num desejo

 A possibilidade da impossibilidade 

 me faz caminhar em meio ao mar tempestuoso

 A realização dos sonhos num olhar

 A estrela da manhã brilha sem parar

As flores da esperança, nascem, com vivacidade
no mais insólito pântano

 Com um olhar, e simplesmente, com um desejo eu posso confia

 O impossível, pois, há de se realizar. 


Alan Ricardo Duarte Pereira Goiânia, madrugada do dia 22 de Julho de 2012.

segunda-feira, julho 23

Um olhar, grandes mudanças: o futuro do passado.


“O grande lance do futuro é que ele muda cada vez que você olha para ele. Justamente porque você olhar para ele... e isso muda todo o resto” (Filme O Vidente de Lee Tamahori)

-Mas, oh grande Vidente, lhe pergunto, uma vez mais: se olharmos para o passado com a mesma intensidade que olhamos para o futuro não poderemos, de quebra, mudá-lo? Aliás, se a menor das criaturas pode mudar o rumo do mundo, do mesmo modo, o menor dos pensamentos – em duração e intensidade – podem produzir um efeito catastrófico ou benéfico em nossas vidas.

Com olhar de criança, às vezes, olhamos para o passado e, sem muitas palavras, observamos como esse simples “olhar” tem o poder de mudar, por completo, todo o nosso presente (e porque não dizer o futuro?!). É incrível a força de impacto de nosso passado, principalmente, de momentos marcantes que, em sua forma original e/ou contada, fazem-nos voltar ao mais remoto passado e revivê-lo.

Porém, ao olhá-lo – e, talvez, podemos assemelhar a imagem no espelho – à  imagem refletida do passado lança, com efeito, luzes ao futuro (já) constituído temporalmente. Destaca-se, que, ao olhar para o passado, esse futuro já está posto, isto é, a(s) expectativa(s) que indivíduos do passado conseguiram projetar é nada mais, que planos, sonhos, projetos, ações, etc., materializadas. Perguntar-se: realidade, ou passado, construído para quem? Obviamente, para nós que estamos no presente olhamos, com certa afinidade, o passado. Somente (mas não unicamente), a partir de nosso presente, é que o “futuro do passado”, pode ser visualizado.

Os indivíduos do passado , não esqueçamos, têm suas expectativas sobre o futuro, mas, só podem efetuar a mesma equação olhando , é claro, para o próprio passado e, assim, extrair o “futuro do passado” de outras comunidades e indivíduos. A diferença resida no fato que, ao olhar para o futuro, e não para o “futuro do passado”, o poder de impacto será de certa forma amenizada. Porque amenizada? O futuro, para esses indivíduos, é somente uma expectativa (no campo filosófico do pensamento, uma mera abstração intelectual), pois, não possui materialidade concreta. É importante colocar que isso significa que os indivíduos e, de igual modo, a sociedade está presa a sua época. As pessoas não podem estar à frente de sua época. O espaço de experiência das pessoas lhe conferem, se quisermos pensar concretamente, certos valores, ideias, entre outras coisas., que são típicas da época ( e não dum futuro distante).  O passado e o futuro, por mais paradoxal que sejam, estão relacionados, ou melhor, se entrecruzam numa relação recíproca.


Para um maior aprofundamento da teoria conhecida como “futuro do passado”, é importante ler a obra do alemão Reinhardt Koselleck intitulado "Futuro do Passado: contribuição á semântica dos tempos históricos" 


sábado, junho 30

A família perfeita dos Outdoors



Quando vejo uma propaganda é sempre a mesma coisa. Trata-se sempre de um casal branco, loiro; sendo o homem mais alto que a mulher com um casal de filhos sorrindo. Todos saudáveis, bonitos, felizes e com as roupas combinando. Cristalizados numa imagem de alta resolução e olhando para todos de cima de outdoors como se vivessem o tão almejado mar de rosas. Mas num país como o Brasil onde a maioria é negra e pobre, isso parece uma aberração, pois grande parte da população tem cabelo enrolado e preto.

Alguém conhece esse pessoal que faz propaganda?! Temos de dar alguns avisos. Dizer verdades sobre como as coisas realmente são. Mas o fato é que ninguém parece perceber a discrepância entre o que tentam vender e a realidade. Acabamos nos acostumando tanto que nem parece haver diferença. Pelo contrário, o normal e habitual é conseguir chegar lá. Ser o que é bom é ser o que esta na imagem.

Não é de hoje que as propagandas procuram demonstrar uma realidade que só existe na cabeça e no cotidiano de 1% de todas as pessoas. Mesmo assim essas propagandas expressam uma realidade que não existe e em nada consegue reproduzir a verdade da realidade. Mesmo assim dá certo, as pessoas acreditam que aquilo é bom, aprendem a se enxergar naquilo. Tanto é que esse tipo de mershan sempre dá certo.

Fico imaginando se o homem branco, loiro de pele alva como as nuvens realmente é o que parece. Se não é homossexual - nada contra, mas justamente pela imagem que vendem seria uma afronta o hetero ser homo. Ou quantos retoques de Photoshop foram necessários para que aquela foto ficasse daquele jeito. Se a mulher que parece tão angelical e doce é na verdade uma despeitada deprimida que não consegue se exprimir e por isso costuma se drogar no banheiro de algumas casas de dança. Se as crianças do comercial não são adotadas.

Não estou querendo parecer pessimista e sim aplicar as noticias cotidianas veiculadas por todos os lados. A cada dia que passa os noticiários conseguem explorar ainda mais um mundo podre e nojento, nem parece estar falando do mundo. E de repente, as propagandas tentam esconder tudo isso. Como se um outro mundo fosse o correto, mas usam isso para vender mais e ignoram todo o contexto da veiculação daquele marketing.

Existe um disparate entre a imagem que usam para vender e a imagem dos que compram. É muito louco pensar que pessoas muito diferentes se atraem por algo que em nada lhes é condizente, que não traduz suas reais necessidades, muito menos expressa sua natureza ou sua própria história.

A partir dessa lógica só concluo que essas imagens carregam o ideal, o mais sacramentado jeito de ser. Os comerciais realçam este tipo ideal formando em quem vê essas propagandas a ideia sobre o que buscar e como buscar. O ideal sobre o que consumir é aos poucos introduzido nas mentes coletivas que se acumulam nos semáforos olhando pros outdoors e folheando páginas de revistas com mais propagandas. 

domingo, junho 3

A Idade do Céu


Não somos mais
Que uma gota de luz
Uma estrela que cai
Uma fagulha tão só
Na idade do céu...
Não somos o
Que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Na idade do céu...
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu...
Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do sol
No jardim do céu...
Não damos pé
Entre tanto Tic Tac
Entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal
No mar do céu...
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
A mesma idade
Que a idade do céu...
Artista: Roberta Campos


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terça-feira, maio 8

Diálogo da Pós-Modernidade




Param: - Ei Stev, penso em ficar louco. Que tal?

Stev: - Meu caro, a idéia em si, é ótima. Para qual motivo?

Param: - Não precisar mentir que sou normal.

Stev: [Risos] - Não será preciso, apesar de não admitir, já é visto como anormal.

Param: - Hora! Você sabe que há uma grande diferença, entre os outros acharem e eu confirmar...

Stev: - Meu ingênuo e pobre irmão secreto, não se engane, o que mudaria se acaso ficasse anormal? Ou louco?

Param: - Não percebe?

Stev: - O quê?

Param: - Vou me transformar!

Stev: - Em que e para que?

Param: - Serei meu subconsciente. Me transformarei nas pragas de Moisés. Em Adão antes de comer a maçã. Em Jesus e Felipe. Vou ficar endemoniado. Maria Madalena será minha mãe prostituta. Não vou mais falar em códigos e segredos, vou exercer e agir minhas falas. Tudo para que não haja mais nenhum personagem de minha parte.

Stev: - Que interessante. Muito bom, me parece até com um sonho.

Param: - Ora! É muito mais que um sonho, é realidade em sua mais abstrata materialidade.

Stev: - Cuidado! Existem símbolos e significados que não podem ser revelados. Idéias que não podem ser expressas com certas conotações e sentimentos que jamais podem se espalhar.

Param: - Sejamos toleráveis com a capacidade humana. Não me sinto como sou e tenho plena certeza que consigo me fazer entender sem haver confusão.

Stev: - Tomara que esteja certo. Não te quero crucificado.


domingo, maio 6

Intensidade



Há dias que a tensão chega ao topo

Vontade de amar

De me sacudir pelas esquinas proibidas dessa cidade careta


Sempre desejando algo a mais

Sempre a ensaiar um passo

Sempre com medo de encontrar


Esconder o lado podre

Esconder vestígios de uma vida proibida

Lado negro e obscuro capaz de trazer pra negritude a mais quieta alma

Planejar audacioso que se perde na ilusão do futuro

A analista diz que não acredita nas histórias


Calcular a força necessária para abalar o mundo

Caminhar por lugares desconhecidos

Soltar fumaças pelo escuro da noite

Exalar o remédio que sossega

Vagar pelos becos pichados da cidade a procura de um flerte


Arte que conduz a ataques de epifania

Face lisa e pálida que se esconde

Loucura que adormece

quinta-feira, abril 19

A insustentável leveza do ser



É estranho ou, até mesmo, ilógico se imaginar voando sem equipamentos construídos, tecnologicamente, pelo homem ( aviões, paraquedas, etc). Sem esses equipamentos, a ideia de voar é completamente descartada. Mas, como consenso geral, o ator de voar, é relegado a filmes e, não muito distante, as histórias em quadrinhos (HQs). Enfim, como se percebe, voar é transportado, artificialmente, para meras produções de cunho “fictício”. Voar, diga-se de passagem, em todos os casos, implica um sentimento de liberdade bastante aquém da condição humana? Fácil de perguntar, mas, difícil de ser respondido.

No entanto, deparamo-nos, cotidianamente, com situações que descortinam, por completo, toda esta concepção sobre o ator de voar. Pois, na verdade, podemos voar ( obviamente, não como os pássaros), mas de uma forma singular e extraordinária: pelo nosso ser. O voar, pensando nesta perspectiva, se apresenta de forma diferente, exige, como requisito básico, o desvencilhamento de nossos desejos mais profundos. Diante disso, duas perspectivas, geralmente contraditórias, se cruzam e se relacionam mutuamente: a leveza e o peso.

Dois polos tão díspares, mas, que, se entrelaçam na formação de nosso ser. Por isso, há, quase sempre, em nossas vidas momentos que ofuscam-nos, levando, a viver com o peso – lastimável ou prazeroso- de nosso ser. São, aliás, momentos de intensas realizações. Sentimo-nos, com o mais pesado fardo. No entanto, ele é suportável, pois, nos traz felicidade e, por hipótese alguma, queremos perde essa sensação gloriosa. Pensamos mais profundamente, e essencialmente, é esse peso inexorável que nos deixa mais próxima da terra, de nossas vidas e faz acreditar que somos humanos ( demasiado humano).

Mas, como pano de fundo, há momentos que o nosso ser fica livre desses fardos, o nosso corpo se torna mais leve que o ar. Já não ficamos presos a um corpo físico, como também, aprisionados pelos seus desejos. Voamos, nos distanciamos da terra. Alcançamos as nuvens laranjadas do crepúsculo que, como nós, estão ali temporariamente, podendo, a qualquer momento, se dissolver ou mudar de lugar. Porém, como o superman, às vezes, a criptonita verde está instalada em nosso ser, perdemos essa leveza e voltamos, paradoxalmente, para a nossa condição de outrora: o peso. A gravidade, portanto, nos domina.

O que escolher: o peso ou a leveza?

Tudo (Não importa a circunstancia, peso ou leveza) pode-se acabar a qualquer momento. Eis aí, afinal, a harmonia de contrários que não cessam de se transformar constantemente, eis aí, finalmente, o que Milan Kundera chamou , em seu romance, de “A insustentável leveza do ser”.

sábado, março 31

Um de Nós


Se Deus [deus] tivesse um nome, qual seria?
E como seria seu rosto?
Se você encontrasse com ele e toda a sua glória?
O que você perguntaria, se você pudesse fazer apenas uma pergunta?


Sim, sim, sim, Deus [deus] é maravilhoso
Sim, sim, sim, Deus [deus] é bom
Sim, sim, sim, Sim


E se Deus [deus] fosse um de nós?
Apenas um desajeitado como nós
Apenas um estranho no ônibus
Tentando fazer seu caminho de casa


Se Deus [deus] tivesse um rosto,com o que seria parecido?
E você gostaria de vê-lo
Se vendo significasse que você teria acreditar
Em coisas, assim como, o Céu, Jesus e os santos
E todos os profetas


Sim, sim, sim, Deus [deus] é maravilhoso
Sim, sim, sim, Deus [deus] é bom
Sim, sim, sim, Sim


E se Deus[deus] fosse um de nós?
Apenas um desajeitado como nós
Apenas um estranho no ônibus
Tentando do seu jeito voltar para casa
Apenas tentando do seu jeito voltar para casa
Voltar para o céu sozinho
Ninguém chamando-o ao telefone
Exceto pelo Papa, talvez em Roma.


Sim, sim, Deus [deus] é maravilhoso
Sim, sim, Deus [deus] é bom
Sim, sim, sim, sim, sim


E se Deus[deus] fosse um de nós?
Apenas um desajeitado como nós
Apenas um estranho no ônibus
Tentando do seu jeito voltar para casa
Como um Holly Rolling Stone
Voltar para o céu sozinho
Apenas tentando do seu jeito voltar para casa
Ninguém chamando-o ao telefone
Exceto pelo Papa, talvez em Roma.

Música: One Of Us
Artista: Joan Osborne
Tradução: Vagalume


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sábado, março 10

O Brasil de A.C. era mais moderno que hoje


Existem coisas mal explicadas em nossa sociedade. Como por exemplo, o que de fato é moderno? Pelo que se comumente sabe, trata-se de ter o carro do ano, de roupas com tecidos estrangeiros e um corpo magro, delirante e sensual. Refletindo melhor, isso é o que se vende. É o estereotipo que rende milhões a pouquíssimas pessoas. A idéia da modernidade se apresenta com a adoção do pensamento racional e do antropocentrismo. Mas haverá caráter racional e de valorização do homem dentro de nossa sociedade?

Os índios, não os do século XXI, os realmente modernos e que existiram antes de Portugal achar que era dono do Brasil. Esses sim refletiam a modernidade. Não trabalhavam excessivamente porque afinal de contas eram racionais e sabiam que a morte chega para todos; não adianta nada trabalhar arduamente e depois morrer. Não possuíam armas ou bombas atômicas. Suas crianças não possuíam apenas os pais naturais. A aldeia como um todo era pai e mãe ao mesmo tempo. Dentro da lógica tradicional isso é uma questão habitual, usual, todos sabem. Mas se formos pensar na dialética que há entre o que era nosso pais e no que se tornou, perceberemos que a idéia de modernidade atual é algo contraditório e cheio de ilusão.

Andavam nus, mostravam seu corpo a todo mundo e não havia quem os condenasse por ordem divina ou por atentado ao pudor. O sexo se praticava na aldeia e dependendo da situação em qualquer lugar. Não havia exagero. Sua vida era pacata e seus deuses não determinavam o futuro de ninguém. A calma, a paciência e a sinceridade é que determinava o ritmo das atividades. O tempo não era controlado. Nada vinha de fora. Tudo o que precisavam era produzido por eles mesmos, até mesmo sua própria inteligência e tecnologia. O alimento era compartilhado junto com as obrigações e por isso ninguém passava fome.

Os homens não possuíam o espírito de sexo dominante e as mulheres jamais foram tratadas como sexo frágil. A divisão de tarefas era determinada pelo sexo, mas isso não impedia exceções. Homens e mulheres respeitavam a natureza. Não havia o desejo de um sobre o outro nem de acumulo. A arte era simbolizada pelos seus próprios corpos. Nem sabiam o que eram mendigos, terno ou vinho.

As mulheres gordas não eram vistas com desprezo. Os homens tinham sua natureza respeitada. O canibalismo era medonho, no entanto todos o conheciam. Não omitiam essa característica ou faziam de conta que era uma ideologia e que todos eram santos. Não havia hipocrisia em excesso. A própria sociedade não ignorava seu lado podre. Se é que assim pensavam a respeito de sua cultura e suas tradições. Como já afirmei, jamais olhavam para si ou seu semelhante com preconceito.

Como em qualquer comunidade humana, havia tribos anti-sociais e ignorantes. Em geral haviam compreendido que não há uma luta a ser travada com a Natureza. Que se trata de um ser vivo como outro qualquer e que se pode obter benefícios se as leis de convivência e respeito forem mantidas. As músicas eram produto de sua própria cultura, não careciam de um dicionário para entender o que ouviam.  

A mídia era o canto de pássaros. Não chegaram ao ponto de ter de transformar areia em vidro, petróleo em plástico e pedras em cimento. Souberam por milênios manter o ambiente do mesmo jeito que estava mesmo antes de nascerem. Respeitaram o seu ambiente e aprenderam remédios e outras dezenas formas de viver bem sem ser preciso escravizar alguém.

Não precisavam ler livros para arrumar um emprego ou aprender a respeitar. Sentiam e se orientavam pela intuição. Pelo bom senso. O conforto era estar vivo, com saúde e em paz. Desconsideraram a importância de ter ao invés de ser. Pelo contrário, foram e não tiveram. Calaram-lhe a boca e foram submetidos a crueldades. Sua cultura foi destruída e hoje ainda são conhecidos como quase alienígenas.

Estes sim eram modernos. Hoje a população exibe seus corpos e diz que se trata de ser moderno. As pessoas estão voltando a querer um contato maior com a natureza. Estão sentindo falta de sentir a si e ao mundo natural que os cerca. Perceberam que a complicação deste século não garante felicidade a todos e sim a somente alguns poucos.

Na época em que índios viveram não havia pobres e ricos, por isso jamais fez sentido haver preconceitos, objetos de ostentação ou vitrines de exposição. Todos eram iguais em essência. O Brasil era mais moderno há milhões de anos atrás. O que se chama de moderno é cansativo, destrutivo e falso. Apenas existe para garantir o sucesso, a bonança e a prosperidade de uns poucos na sociedade. No fundo sabemos que no pódio há espaço somente para uma pessoa.

quarta-feira, fevereiro 22

A construção do Pensamento



Todos nós temos pensamentos e tentar mudá-los pode ser um desafio difícil de vencer. Idéias podem ser analisadas como sendo semelhantes a árvores que nascem e se enraízam com o tempo. Logo florescem e se não forem regadas ou tiver a quantidade de sol necessário podem morrer.

As idéias são formas de ver e aceitar o mundo. É por meio das idéias que concretizamos um pensamento e construímos mecanismos de análise, administração e cálculo. Seja a partir de impressões íntimas e intuitivas ou determinadas pelo ambiente enraizamos noções de interpretação e de como aceitar fatos e histórias. Criamos nossa noção de vida a partir do que lemos, ouvimos e aprendemos. Logo se temos oportunidades de estudo, teremos conseqüentemente, oportunidade de criar nossa própria individualidade, identificarmos nossas próprias atitudes e alterá-las, vinculando com o que nos parece mais correto.

Vivemos, no entanto a crise de que tudo que poderia ter sido inventado e feito já foi realizado, findando as novidades e relativizando que a modernidade é tão somente a reformulação do passado. Mas será que as formas de ver e interpretar o Mundo se extinguiram? Não haverá nada para ser feito ou criado? Viveremos a partir de hoje sobre o que já existiu? O passado e sua constante reinterpretação; é isso o que nos resta?

Estaremos hoje num momento de crescimento ou de perda de horizonte? Essa situação apenas perpetua a forma de ver e lidar com a vida de modo compulsório e tradicional. A própria existência dessa dúvida parece anular as novidades. A preocupação com tentar fugir do que já existe nos impede de avançar. Existem sim fatores biológicos que determinam grande parte da potencialidade humana, mas seu maior poder esta na forma como se vê a vida e se interpreta suas variantes. O pensamento de ser sempre alguém que apenas recebe ordens de outro acima compõe algo ultrapassado. Não é necessário mais haver a necessidade que eduque as massas subjugando-as, tachado-as e classificado-as.

Todos nós temos um jeito pessoal de lidar com a vida, adotando hábitos e costumes aprendidos que podem até certo ponto definir alguma liberdade. A escolha de seguir caminhos pré-determinados já não nos pertence mais. Se encontrar e fomentar a própria individualidade de modo realmente impar é um desafio. Por bem da verdade ainda não se sabe bem o que somos, mesmo tendo a história a nosso favor. Sentir-se num quarto escuro. Ficar com raiva da situação ou se embebedar com pensamentos morticidas não ajuda.

Ao iniciar a tentativa de criar um modelo de vida próprio a sensação inicial pode ser semelhante a trabalhar numa escavação durante muito tempo e não obter nenhuma novidade, nada do que foi pensado inicialmente foi alcançado. Viver a constante auto-observação e fustigação não garante resultados instantâneos. No início as respostas vem aos poucos. 

quarta-feira, janeiro 25

Depoimento de um viciado

São 2 da manhã ,e eu de calça e blusa
O tempo frio, do céu cai chuva
Eu sou sozinho parceiro e é foda
Com meu destino ninguém mais se importa
Chegar, ao ponto que eu cheguei é lamentável
Estado físico inacreditável eu sinto crise
Eu sinto convulsão, é muito triste o meu estado sangue bom
30 quilos mais magro vai vendo
O resultado é pura essência do veneno
O vício tira a calma, a cabreragem me acelera
O demônio rouba a alma, o inferno me sequestra
Cadê a luz que vem lá do céu?
Cadê Jesus pra julgar mais este réu?
Tenho vontade de morrer constantemente
O descontrole da mente me deixa impaciente e é foda
Eu saio que nem louco pela rua
Único mano é o cano na cintura
Eu preferia ta falando de amor
Falando das crianças e não da minha dor
Mas eu sou o espelho da agonia de um homem
Sem identidade, caráter, sem nome
Sem Mercedes, Audi ou Mitsubishi
Consumidor da praga do apocalipse
Tão jovem sem esperança de vida
Tão novo e já suicida
São 2 da manhã e faz chuva
O pesadelo ainda continua...

Um dia frio
Um bom lugar pra ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo (depoimento de um viciado)

Eu comecei de forma curiosa
Um cigarro de maconha não era droga
Era o que todo mundo me falava
Experimentei nem eu mesmo acreditava
Primeira vez, outra sensação
Segunda vez mó barato ilusão
Mundo dos sonhos, me sinto mais leve
Enquanto isso meus neurônios fervem
Sentia fome, sentia a viagem inteira
Observava de longe as paisagens
A fumaça me deixava cada vez mais louco
Sem perceber eu já era o próprio demônio
Segundo passo, veio à cocaína
Morava com a minha mãe, me lembro da minha mina feliz
Cheirava comigo sem parar
2 loucos 24 horas no ar
Parei com estudo, perdi até o trampo
Ganhei o mundo e uma desilusão e tanto
Perdi a minha própria mãe, que trauma!
Morreu de desgosto por minha causa
Nem assim eu consegui parar vich!
Só a morte pode me libertar
Eu roubava pra sobreviver, ou melhor,
Pra manter o vício e não morrer, que dó
Suicídio lento era o processo
Eu nunca fui estrela, eu nunca fui sucesso
Contaminado HIV positivo
Qual a diferença do inimigo pro perigo
Aí, são 2 da manhã e faz chuva
Pesadelo ainda continua
Continua ladrão, o pesadelo ainda continua...

Um dia frio
Um bom lugar pra ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo (depoimento de um viciado)

Amigo, aí, eu falei esta palavra
Me desculpa foi erro, não pega nada
Eu nunca tive amigo nessa porra
Só prejuízo na vida de ponta a ponta
Mas quem vai se importar, eu sou apenas mais um
Aidético viciado, infelizmente comum
Mais um entre mil ou um milhão ladrão
Escravo desta triste detenção
Eu não sou Rafael e nem a Vera Fischer
A minha história parceiro é mais triste
Eu nunca engoli escova de cabelo
Mas já matei pelo crack e por dinheiro
Puta que pariu, o inferno me chama
Quem sabe lá eu consigo a fama ou o drama
Ou a lama de fogo eterno
Condenado à escuridão do inferno
Hoje, eu sou louco de intensa coragem
Com o ferro a favor do crack
Não sei se a malandragem é minissérie ou história
Mais sei, que a carreira parceiro é sem glória
Vou tentar não matar mais ninguém
Chega de ser refém, eu preciso é do bem
Vou entregar a Deus a minha vida
Vou acreditar nas palavras da bíblia
Arrependido de todos os pecados
Ter conseguido escapar do diabo
Espero que a minha história sirva de exemplo
Pra quem tá começando, parceiro como eu comecei
Que se afaste das drogas enquanto é tempo
Pra não provar do veneno que eu provei
É embaçado sangue bom, vai por mim
Tudo nesta vida tem um fim
São 2 da manhã faz chuva
Eu vou orar pela minha alma e pela sua
É madrugada faz chuva
Eu vou orar pela minha alma e pela sua...

Um dia frio
Um bom lugar pra ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo (depoimento de um viciado)

Artista: Realidade Cruel.




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