quarta-feira, dezembro 21

Sentido sem sentido



 
Escrever é como descrever um outro ponto de vista e ler é como ver pelos olhos de outra pessoa, pensar sobre o que foi o que escrito é como conversar sozinho sobre universos particulares que se metabolizam num novo ser. Sempre que algo precisa ser escrito, da mesma forma precisará ser lido, sem esse ciclo as coisas nascem mortas. Quero dizer, tudo precisa fazer sentido, ter alguma aplicação prática e conservar um certo grau de necessidade para se conservar pelo tempo e ter validade no exercício cotidiano. Sem a consciência da urgência da vida, sem o sentimento de contribuição e sem a confiança de que mesmo sem sentido num primeiro momento, a auto realização de um dever cumprido é capaz de consagrar alguma paz de espirito, mesmo que depois nada realmente faça sentido. A vida é um todo muito complicado que só começa a se mostrar completa quando se encontra o próprio lugar nesse processo intercalado de sequências ininteligíveis. Muitas vezes acredita-se ser autônomo, estar no controle, autor da sua própria vida, quando na verdade, viver nessa consciência é apenas mais uma forma de prisão. A única certeza absoluta vem do silêncio, do sentimento inquietante que consome a felicidade de todos nos unindo através da profunda e inabalável experiência que nos conecta com a raiz da natureza humana, de que mesmo os erros podem contribuir para acertos, que a vida é um direito de tudo e de todos. Pode ser que agora nada faça sentido, nem seja capaz de se mostrar ideal agora, mas é a rebelde esperança que continua alimentando os sonhos de coisas melhores e contribuindo com que novas realidades se construam.

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