A série de enorme sucesso do
original “Orange is The New Black” retrata a rotina de uma prisão feminina nos
Estados Unidos. As cenas se passam na prisão de Lichfield onde a protagonista Piper
Kerman começa a cumprir sua pena por participação no crime de comércio de
drogas ilegais que a antiga namorada lhe influenciou a participar. No início,
as cenas se passam no tempo presente, antes dela entrar na prisão.
O título da série faz menção ao
uniforme das detentas que tem a cor laranja. Depois que entram na cadeia começa
a ser o pretinho básico de todas as presidiarias. Talvez numa análise mais
ampla, o nome queira fazer menção a essa nova realidade em que o
laranja, de tão comum, tenha substituído a clássica cor preta que traduz
elegância e estilo aos visuais. E porque não dizer, que mais cedo ou mais tarde
possa vir a ser o uniforme que outras mulheres possam usar em dado momento de
suas vidas na prisão, de tão habitual essa realidade.
Depois que começa a cumprir sua
pena, Piper se dá conta dos privilégios que sempre teve durante sua vida e que
a maioria das outras mulheres presidiarias nunca tiveram. De origem branca, com
um estilo de vida classe média alta nova iorquina, ela começa a sofrer o
preconceito dos privilégios que nunca antes tinha se dado conta. Além do choque
de uma nova realidade como prisioneira, Piper começa a ter de lidar com
aspereza diante da posição que levava fora da cadeia sem maiores problemas.
A dura rotina se passa entre serviços
obrigatórios - que nada ou quase nada muda suas penas - e o cotidiano
disciplinador e intimidador imposto pelo sistema prisional. O ambiente de
selvageria presente na cadeia, o preconceito e o racismo, como já é conhecido
pelo estereótipo comum, acaba formando grupos de resistência, de acordo com as
diferentes identidades e exclusões - negras, latinas, lésbicas e etc. O que
curiosamente reproduz os guetos de exclusão presentes na sociedade exterior.
Com um apelo humorístico e
dramático, a série se desenvolve em torno de disputas e reviravoltas nos
comandos internos entre as prisioneiras e da própria administração que enfrenta
diversos obstáculos. Como já era de se esperar também existem privilégios e
chefias dentro da prisão que mudam e se reorganizam na medida em que novas situações
surgem. Administrativamente fica nítida a corrupção, as fragilidades de
reeducação e segurança, além das disputas entre os próprios servidores
prisionais.
Acontece que depois da chegada de
sua ex-namorada na prisão, Alex Vause, Piper enfrenta dificuldades no
relacionamento com o até então noivo que desconhecia essa parte de seu passado.
Essa reviravolta e outros contextos que acabam se desenvolvendo com o seu
noivo, acabam por fazer os dois desistir do casamento. Mais à frente, Piper e
Alex terminam reatando seu relacionamento dentro da prisão, o que também rende
muitos problemas.
O lado dramático da série, se
passa quando retratados pequenos fragmentos da história pessoal da
presidiarias, o que de certo modo, tende a explicar parte do porquê de cada uma
ter ido parar na prisão. Retratos de preconceito, racismo, exclusão,
discriminação e muitas vezes problemas familiares e psicológicos dão o tom na
maioria das histórias. O que não somente por isso, justifica os crimes e
atentados já cometidos.
Com o passar do tempo, Piper
começa a mudar seu comportamento de menina burguesa e ingênua, para um lado
mais sério e sombrio. Também começa a perceber que fácil é entrar na prisão, permanecer
viva, sóbria e sair, é que é o problema. As regras, as disputas com outras
prisioneiras e o próprio sistema carcerário, favorecem com que as pessoas nunca
se livrem da cadeia ou dos prejuízos sociais que ela causa. Além da
protagonista, inúmeras personagens fazem a trama se tornar hilária e chocante
em muitos momentos. A série tem 3 temporadas e a quarta está prevista para ser
liberada esse mês na Netflix.
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