De voz forte, naturalmente rouca,
fosca e um tanto amendoada a artista Ava Rocha lançou seu segundo disco
'Ava Patrya yndia Yracema', primeiro solo. Sua música compõe uma mistura psicodélica com
fundo de soul, pegadas de rock e letras tipicamente brasileiras criando um som
límpido e provocativo. Com múltiplas experiências artísticas Ava se dedica a
criar música brasileira nova, ou por assim dizer, recriar sem perder as
peculiaridades nacionais.
Artisticamente seu estilo antropofágico
é uma constante em suas performances sempre marcadas por uma autonomia
imaginativa. Seu cocar de facas surgiu como uma ideia metafórica de transmitir
a agressividade e horror das armas que violentam animais e índios. Sua postura ideológica
remente sempre a natureza, a vivências na mata e a liberdade no seu sentido
mais objetivo. A inovação que Ava provoca não permite lhe enquadrar num lugar dentro
das atuais definições musicais, pertencendo mais a uma vertente alternativa que
popular.
Com 35 anos a artista expressa pela sua
postura uma completa liberdade performática e descompromissada com o usual ou o
clássico tradicional. Talvez consciente da figura excêntrica que é capaz de
criar no cenário musical brasileiro, tão perturbado pelas exigências da indústria
cultural, Ava se mostra experiente, mansa e firme. A capa de seu último disco
comunica bem essa nuance nonsense e aparentemente despretensiosa de estética quase
grosseira.
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