sábado, setembro 29

Momentos



Frequentemente – e quase sempre – a vida nos pega pelo braço e, sem permissão, lança-nos no mar aberto. É difícil compreender isso, mas, por algum motivo, nós estamos lá, sozinhos em alto mar, agarrados na mais profunda solidão (e esperança). Por vezes, é necessário que as águas salgadas da vida encham nossos pulmões, e os peixes mais profundos do mar (como tubarões), comam as escamas que obstruem nossa visão. Mas, depois de todo sofrimento, e de quase naufragar e morrer nesse mar horrível da vida, é que ela (a vida), nos traz de volta para a terra firme. Apesar desse processo doloroso, quando chegamos à praia, finalmente, vem à sensação de alívio. “O sofrimento foi grande, porém, agora vem à eterna alegria”.
BUUUMMM... como sempre, a vida nos mostra que , embora tenhamos aprendido alguma coisa, a caminhada nada para por aí. Ao contrário, é o momento mais importante: a hora de caminhar. Sim, exatamente aí, na praia, chegou a hora de andar e enfrentar, como nunca antes, esse mundo desconhecido que, aliás, a cada dia, nos coloca desafios diferentes.
Nesse sentido, a vida é feita de momentos (não eternos). Somos (biologicamente) seres momentâneos. Como a neblina matinal que, pela manhã fria, encontra-se numa determinada localidade, mas, em outro, desloca-se para outras partes, a vida humana é, por assim dizer, um milésimo de segundo dentro de uma eternidade mítica. É como piscar os olhos e, tempo depois, desvanecer abruptamente.
Cada ser humano passa por momentos difíceis e, não muito raro, felizes. A felicidade, como o próprio pai da psicanálise dizia, Freud, é momentânea. Não existe “a felicidade”, mas pequenos momentos e ínfimos frascos de gotículas derramadas num oceano insalubre de nosso viver.
 Os espinhos existenciais, ao lado do aroma doce e amargo da vida, nos trás belas sensações e períodos altamente refrescantes. Porém, os espinhos sempre, não adiante fugir, aparecem com veemência e sem aviso prévio.Por mais que tentamos negá-los, perfuram partes de nossos corpos. Isso dói. O sangue emerge como gotas bombásticas, fazendo-nos, simultaneamente, sentir a sensação melindrosa de viver. "Nem tudo são flores", diz o provérbio. Sim. Mas nem tudo se resume a flores e, nessa caminhada incerta do ser humano, os espinhos são, para o nosso bem, o Tendão de Aquiles, às vezes, a parte da teoria incompatível com a realidade, a imperfeição no corpo de uma mulher juvenil, etc. É, nesse sentido,  o momento antecessor ao desabrochamento completo da flor de seu período de maturação, aliás: nem tudo são flores!

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2 comentários:

Wayrone disse...

Parabéns Alan... Vc é muito Talentoso... capta as idéias com muita sensibilidade e profundidade..

Anônimo disse...

“Toda pedra no caminho você pode retirar. Numa flor que tem espinhos você pode se arranhar" ... Os espinhos da vida são pedras que surgem em nosso destino e nos deixam incertos quanto à nossa existência. A difícil arte de viver nos coloca cotidianamente diante de nossas fraquezas e fragilidades. A vida é uma dádiva, mas ela não vem com garantia de que tudo será perfeito. Aliás, tem como ser perfeito? A vida pode ser delicada como uma flor, mas tem também os seus espinhos. E quando esses espinhos insistem em nos arranhar? O que fazer? Tem como viver cotidianamente sendo torturado por tantos espinhos? Vez ou outra aparecem momentos de felicidade que amenizam a dor. E desses pequenos momentos (apesar dos espinhos) vamos levando a vida. E quando os espinhos se tornam um martírio, de modo que nos sentimos mais mortos que vivos? Uns preferem sair da vida, achando que assim se livrarão de todas as dores. Mas será mesmo que esta é a saída? Questão complexa! Deus não se sacrificou em nome de um legião de fiéis? A coroa de espinhos que lhe foi imposta representa (simbolicamente) as dores de seus seguidores. Ele se martirizou, morreu por nós. Então será que temos o direito de abreviar o que só cabe a ele decidir? A vida é truncada de espinhos, pedras que surgem em nosso caminho e temos que lutar tal como lutou nosso mártir. Os espinhos torturam, mas eles também nos fortalecem. Os pequenos momentos de felicidade amenizam nosso sofrimento. Então porque às vezes insistimos em algo tão desesperadamente? É porque esse “algo”, esses momentos, nos faziam felizes momentaneamente. Eram gotas de amenidade que suavizavam o tédio da vida. Perder o que amenizava nossa dor é desesperador. Insistir no que nos fortalece, alimentar sentimentos e sonhos, ao menos cria a ilusão de superação dos espinhos. Ameniza o que parece não ter saída: a vida.

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