sábado, fevereiro 26

Pensar Vegan

Há muito tempo convivemos com conceitos que evidentemente vão contra noções básicas de igualdade, liberdade, justiça e harmonia social. Servindo aos interesses – ideológicos ou financeiros – de determinada classe e/ou grupo, aceitos como verdade social numa determinada época. Dentre outras idéias a de raças superiores e sexo superior produziram marcas tão profundas na história que se refletem mesmo hoje, quando há supostamente uma “democracia” de pensar e agir social.

Ao longo do tempo racismos e sexismos vêm sendo combatidos de modo ativo e participativo por várias camadas populacionais. Hoje ser racista ou preconceituoso, é sinônimo de ignorância. É claro que estas ideologias de superioridade ainda existem em muitas sociedades, e mesmo de modo mascarado se propagam e influenciam pessoas ao redor do mundo, porém, a tendência é que elas rejeitem demonstrações explícitas de preconceito, seja étnico ou sexual.

Outra forma de discriminação, no entanto, é testemunhada, apoiada e sustentada conscientemente por milhões de pessoas, sem muita reflexão: o especismo. Idéia que prega a superioridade de uma espécie – a humana – sobre as outras, o especismo compactua com todo tipo de exploração animal: seja no mercado da carne, do couro, pele, entre outros.

A indústria da carne, que movimenta a economia de vários países, bem como a da pele, que serve para sustentação de noções duvidosas de moda, tem feito vítimas silenciosas em toda história da humanidade. As mesmas pessoas que lutam contra a violência feita de seres humanos contra si próprios, compactuam com a violência humana contra animais sem chance de defesa.

Documentários como “A Carne é Fraca” e “Terráqueos” sugerem um novo olhar das pessoas sobre suas práticas alimentares, de vestuário e de pensamento. A mentalidade vegan, presente especialmente no último documentário, propõe uma forma totalmente revolucionária de tratar os animais não-humanos. Partindo do pressuposto que todos os animais são iguais e têm direito à vida, todos são terráqueos, daí o título – “Terráqueos” que tece sua crítica impiedosa à sociedade especista e desafia o espectador quanto a seus próprios hábitos.

A atitude vegan representa em si um combate feroz a práticas sociais consideradas não sadias em defesa dos animais não-humanos, nega o consumo de qualquer tipo de produto de origem animal, bem como costumes culturais comumente aceitos, como rodeio, vaquejada, touradas, etc. Adota um estilo de vida que vai além do simples ato de não comer carne. O pensamento vegan acredita que o homem pode viver sim, sem explorar ou causar dor a outros seres vivos senscientes, que tem noção da própria vida e do mundo ao seu redor.

É uma prática que vem crescendo nos últimos tempos e ganhado defensores famosos. Os atores George Clooney, Joaquim Phoenix, Angelina Jolie e Leonardo DiCaprio são militantes da causa vegan que, em si mesma, é altamente revolucionária.

A negação da exploração animal é também a negação da exploração capitalista que, em prol do lucro, vitima cotidianamente milhões de vidas humanas ou não. O posicionamento vegan abarca inclusive uma reflexão sobre as formas de alimentação que excluem a carne, das quais predomina o consumo de soja.

Hoje uma das monoculturas que mais devastam a flora da Floresta Amazônica e o Cerrado brasileiro, o plantio em larga escala de soja para exportação tem gerado sérios debates que alertam para a preservação desses biomas onde a vida de espécies raras encontra-se cada vez mais ameaçada graças à expansão das fazendas.

O debate deve ser contínuo e sempre visando um olhar crítico e reformulador sobre a sociedade, não se restringindo apenas à matança direta de animais, mas àquela provocada pelo desmatamento de áreas verdes para plantio de monoculturas. Uma atitude vegan atenta-se também a isso e vem gerando discussões cada vez mais freqüentes entre os adeptos, sobre formas alternativas de alimentação que não sejam tão agressivas.

Sem dúvida, pensar vegan hoje, para além da simples dieta alimentar, é símbolo de uma reflexão humana que procura uma nova sociedade, onde todas as formas de vida sejam respeitadas e possam coexistir pacificamente. É possível viver bem sem carne, é possível produzir alimentos que substituam a carne sem agredir o meio ambiente, é possível, através de uma ação simples e realmente significativa, negar de modo firme a ideologia exploratória.

É possível, pense e faça!

Autora Alana S.

sábado, fevereiro 12

O fim esta logo ali...


Homem erudito, homem prudente, homem alfa, homem dos negócios, homem das certezas infindáveis, eis a figura daquele que sabe que sabe (homo, sapiens, sapiens)!

Ah, quanto tempo faz desde que tudo começou. Foi como piscar os olhos e encontrar uma nova realidade e um novo mundo erigido em sua frente. As lembranças estão arquivadas no livro mais velho da biblioteca, mas ainda é possível lê-lo. Estava ele ali, frente ao grande mar, esperando a derrocada do regime antigo. Tudo estava preparado, o mundo que todos conheciam estava diluindo pouco a pouco, só faltava apenas um pequeno passo. Ele, aquele mesmo chamado de homem da noite de mil anos, foi-se, mergulhando profundamente naquele grande mar de águas frias. Dentro desse mar, ele tornou-se, nada mais, do que: o homem moderno.

Ó, grande mar, devolva este homem!

Tu, grande homem moderno, entregou-se totalmente a esse mar. Foi como ver uma virgem se entregar ao teu amado.

Quando voltarás desse mar tenebroso? Quando?!

Desde que o homem mergulhou nesse mar, muita coisa mudou. O presente século alcançou seu maior píncaro na história da humanidade. Ao mesmo tempo, trouxe consigo o propedêutico fim dos sonhos. O canto da sereia já não é ouviu há bastante tempo.

Esse século traz como balburdio as doutrinas positivas: o amor por princípio, a ordem por base e o progresso como fim. Para esse homem o único meio de encher o azeite da botija é ter, ter, ter, ter, ter...

Quão terrível século. Crise das utopias, das expectativas, das mudanças, das revoluções e crise da própria vida. Ó, passado, como tu estás virando o único conforto de esperança para esse homem. Ceticismo e niilismo conseguiram, infelizmente, nocautear a águia ianque chamada “fé”. Tempo de trevas. Tempos sombrios são esses!

O que tu, ó grande mar, prometeu para esse homem?

Tu, máquina capitalista, suas promessas invadiram esse o homem, que agora está nu e sozinho nesse terrível mar. Todos aqueles que em ti trabalham não ganham e os que ganham não trabalham. É tudo tão sem sentido. Coisas tão absurdas acabam ficando normais.

Pobre de ti, ó homem. Ficaste prisioneiro de si mesmo. Feiticeiro que já não consegue dominar as potências demoníacas que, outrora, evocara. A palavra fez ao homem muito mais do que ele fez por ela.
Grande homem, o que fizeste com teus jovens? 


Era-se a época das rebeliões, em que teus jovens engajavam-se por suas aspirações. Forças maiores lograram injeta-los uma anestesia. Karl Marx, Marcuse, Sartre, Hegel, Rousseau, e tantos outros, estão no esquecimento. Nossos jovens estão indo de encontro com as terríveis drogas alucinogénicas.

O presente século, mais do que nunca, é o cenário ideal para tocar o réquiem nas notas mais agudas do piano. Vivemos uma época de mudanças ou uma mudança de época? Tu, grande homem moderno, podes responder a tal pergunta? Quantos desejos presos no olhar, escondido na mais fria solidão? Quantos momentos perdidos no ar procurando uma saída para teus problemas? Pode corta-los, homem moderno?

Do outro lado da avenida a esperança, o amor, a felicidade, a liberdade e tudo aquilo que constituem as pedras vivas do ser antropológico, esperam ansiosamente anelar-se a ti, ó grande homem moderno.


Até quando, ó homem moderno, vai viver essa ilusão no grande mar? O plasma que tenta encapuzá-lo está se rasgando, uma nova vida começa a ser formar. Ah, e está para nascer!

De quem será a última palavra?

No bojo da sociedade que gerou seus grilhões, crescem as forças e formas de resistência. Está para existir uma nova realidade calcada na ação concreta daqueles que geram os germes da mudança. Está aí, formando-se no velho século, o novo e glorioso século escrito por aqueles vão à luta. Imbuídos de mística transformadora, lançam suas vozes como libélulas no grande mar.

Estão chamando por ti, ó grande homem moderno. Chamando pela volta daquele homem que, há muito tempo atrás, mergulhou nas águas profundas do mar. Venha logo filho pródigo.

Ó homem, venha correndo, pois a noite chegou. As estrelas do céu sussurram pelo teu retorno. Talvez amanhã, ou depois. Saiba que o tempo é escasso. Teu coração, tão pequeno, geme loucamente. Rasga a cortina e deixa o sol entrar existe muita coisa para concertar.

Venha, ora! Vem pra fora homem moderno! Terás força o bastante para sair desse mar? Ou ficará nesse mar para sempre? A noite está tão fria e o tempo urge como leão: o fim está logo ali.

Joga o cobertor e acende a lareira, porque a vida está voltando.

Autor: Alan Ricardo

terça-feira, fevereiro 8

Terra de Macacos e Mulheres.

Macacos dormem e acordam, se regurgitam aqui, bem ao meu lado. Ando alguns passos e tenho de lidar com uma mata suja, devastada e natural como a selva. Ouço gritos humanos que mais parecem sussurros de uma sirene, agudos e espalhafatosos. Assustam e acordam para a realidade instantânea que é presente. Vejo muita vida canalizada para um lado asqueroso da existência.

Os macacos gritam felizes de sua cabeleira e ignorância. Tentam organizar e situar a baderna pelo ligeiro soar de buzinas naturais. A garganta vibra e vejo a goela se mover como a de um cantor. Na mata devasta e asquerosa, existem poucas coisas. Tudo é contado e compartilhado dentro de parâmetros nada dosados.

Macacos soltam urros com seus corpos suados, mulheres submissas e o som de baluartes antigos dão conta de uma situação idiota. Meu riso tenta disfarçar o que na verdade penso e sinto a respeito da situação. Quando me distraio esqueço-me das coisas que acontecem ao meu lado, meu rosto se torna frio, serio, antipático, revelando de fato o que penso.

Nada distrai ou abala os primórdios dos macacos e das mulheres de postura torta de tanta submissão. Tudo que demonstra senso ilógico e não natural dentro de sua concepção é o normal para outros. Macacos se aceitam e se orgulham de levar adiante a tarefa cavernica de ser estúpido, banal e desrespeitoso.

A cultura milenar de relacionamento entre os homens nada ou muito pouco mudou. Senão as formas de fazer as mesmas coisas se implementaram de novidades nada transformadoras. A dicotomia de escolher entre ser o macaco que ainda não evoluiu e a si mesmo aceitando que de repente não se seja igual, encontra resistência já que nem sempre o que realmente é evoluído agrada.

Mulheres que apesar de reclamar nada fazem para mudar sua realidade. Aprenderam a receber e continuaram. Perfumam-se para que seus macacos lhes sujem a alma e ainda se julguem capazes de dar e receber prazer. A linguagem sexista incomoda, mas todos a aceitam seja por comodismo ou por não acreditarem na mudança.

Com o tempo mentiras se tornaram verdades e falsas averiguações situaram a cultura do machismo, do feminilismo, do extremismo e do fundamentalismo. Tem conseguido com êxito assustador manipular o conhecimento e com isso a vontade, anulando a criticidade e a capacidade de transformação e renovação da sociedade.

Deus nos abençoe.

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