quarta-feira, outubro 28

O olhar misterioso

Tem coisas comuns, e outras coisas são “diferentes”. Como por exemplo, os seres humanos que apesar de serem constituídos das mesmas coisas são diferentes. Todos nós possuímos nariz, boca, dedos e outras particularidades, no entanto somos todos diferentes. O nariz muda de cor, jeito, formato, lugar e outros detalhes. São varias as mudanças que mudam transformam radicalmente a estética e consequentemente o rosto formando um ser diferente.

Mas apesar de estar sempre preparado pra coisas diferentes e normais, como por exemplo, rostos diferentes com um nariz desigual em relação aos outros, de vez em quando nos deparamos com situações no mínimo inesperadas. De repente surgem pessoas com um mistério no rosto.

Quanto mais você olha, mais você deseja olhar. Nada em especial, a outra pessoa não possui nem olhos azuis. Mas você mesmo assim busca algo que diga o porquê daquilo. Quando você olha pro rosto em destaque parece ser um enigma. O sentimento que surge não é o de paixão. Nem mesmo o de desejo sexual ou coisas do tipo. Mas de alguma forma aquele rosto se eterniza em suas memórias. Como uma obra de arte envolta em alguma proteção cabalística reluzente.

A impressão que se tem é que quando mais se olha mais se perde algo. E no querer encontrar o perdido ai é que se perde. Logo você se dá conta de que aquele olhar tem algo de especial. A outra pessoa acha estranho. Indiferentemente de como a outra pessoa esta ela se pergunta do porque que ela é tão observada pela outra pessoa. Pensa em motivos estridentes e malucos. Sobressalta explicações desse plano, usa a imaginação e cria uma resposta que atenda ao seu anseio por alguma explicação que possa sustentar sua curiosidade por mais um tempo.

Aquela relação de graça e de fobia vai se perpetuando aumentando a curiosidade entre os dois lados. A pergunta e as tentativas de reposta andam lado a lado. Cavam e exploram no seu interior algum motivo pertinente que aquilo possa explicar.

Na sua pesquisa por algum caso semelhante o quem olha (a) e quem é olhado (a) se deparam com o caso da Monalisa, quadro em que Leonardo da Vinci eterniza um olhar discreto, famoso, acolhedor da cultura da época e de sua própria vivência. Pensam mas em nada vêem surgir uma resposta satisfatória somente um caso semelhante. Nada que possa ajudar na resposta do que tão especial há no rosto do outro.

O sentimento que se desenrola de quem olha para com quem é olhado é o de eternizar aquele olhar e tentar comprovar o que de tão especial há naquele rosto. Muitas das vezes as outras pessoas não se dão conta daquela relação até porque prevalece nos dias de hoje somente o eu por mim próprio.

O olhado fica se perguntando do porque de tudo aquilo. Pois aquilo nunca aconteceu com ele, nunca ninguém se interessou por vê-lo sem que houve-se necessidade. Ele se desampara como uma presa que é devorada, como um animal que se surpreende com um novo inimigo. Ele não está acostumado com uma relação onde não existam palavras. Somente olhares. Aquilo o confunde, e confunde também quem o olha. Todos dois elementos se perguntam: - Mas que merda é essa!?

Nenhum deles sabe explicar. Não há desejo além de curiosidade, ou fome de ver. Nada comparado à paixão ou a desejo. Será demoníaco? Ou fará parte de algum místico que escolheu presas pra serem devoradas.

Relação mais estranha que aumenta cada dia mais. Mas o tempo é a esperança de ambas as partes. Chegará outro dia em que os dois não se cruzaram, e morreram. Sua história ficará eternizada até o dia do juízo final.

domingo, outubro 11

Pensando no que temos sido atualmente.

O termo “Século 21” tem sido usado para explicitar que vivemos em outro momento social, ambiental e político, ou seja, o mundo evoluiu. Algumas coisas mudaram, outras nem existem mais. Novos cosméticos, remédios e métodos prolongam a vida e fazem com que o corpo tenha mais tempo de vida. Os meios de transporte e de comunicação evoluíram de forma assustadora, as pessoas viajam para o outro lado do mundo em questão de 24 horas num conforto imenso. Pode-se ver e conversar com uma pessoa querida que esteja a milhares de quilômetros de distância. Isso é fantástico!

Líderes políticos aparecem do nada, outros fazem coisas antes tidas como ameaçadoras do bom senso, da mesmice pra se falar a verdade. Pessoas de todos os jeitos existem hoje. Algumas usam o cabelo azul, se vestem de bailarina e vai ao banco pagar um boleto. Outras usam piercing, manta, capuz e roupa de couro ativamente. É lógico que o senso de “comum” ainda permanece. Um caso curioso é o de alguns gays que param no processo de efeminação do corpo, alguns fazem a sobrancelha, permitem que o cabelo cresça, tem trejeitos femininos; alguns se transformam em mulheres outros ficam no meio do caminho, por assim dizer.

Mesmo com toda essa diversidade de expressão, algumas pessoas não se encontram e acabam por se tornar introvertidas e deprimidas. Outras não sabem bem nem o que são ou que querem dizer com o que se mostram ser. Estão perdidas na busca por si mesmos ou não sabem o que são o que pretendem com o que vestem ou dizem. A impressão que se tem, por mais que toda essa liberdade de expressão tenha se tornado possível é a de que a fortificação e solidificação de estereótipos se fortaleceram ainda mais.

É no mínimo inusitado e um tanto incompreensível essa questão. Chega a ser contraditório. Mas é o que se vê. Pois as pessoas têm cada vez mais medo de serem o que realmente são ou pensam. Seja pelo motivo que for: estratégia, marketing, sociabilidade ou mesmo medo do que vão achar. Muitos chegam a dizer que não são exatamente o que são, ou seja, não almeja ser outra coisa que não seja. Será mesmo?

Neste ponto tenho que retornar ao termo “Século 21” que defende uma visão evoluída e mutável da sociedade material e social na atualidade. Como as pessoas podem ser elas mesmas se existem um governo e toda uma política que lhes fazem ser o que elas são. Feche os olhos e se imagine. Esqueça-se de que teve pais, ou qualquer outro vinculo com essa sociedade. Você consegue ver alguma coisa? E se vê, é igual ao que você é hoje?

Não ache que você esta livre das influências ou que se encontrou sem ser preciso saber o que você realmente você é. Sei que posso ter sido um pouco complexo nos parágrafos anteriores, mas dei tantas voltas para afirmar que ainda somos primatas, egoístas, etnocêntricos, sem autodomínio, que vivem para os outros e não para si próprio, racistas e muitas vezes idiotas.

Achar que porque vivemos no século 21 estamos na melhor época que poderia viver é besteira e etnocentrismo. Se pudesse escolher em que época ter nascido, provavelmente teria escolhido viver num momento da História onde a vida fosse mais viva e as pessoas não fossem tão falsamente falsas. Um período curto onde a vida não fizesse de conta que o que vivo atualmente é o melhor existente, que não careça de mudança ou se ache perfeitamente belo e perfeito.

As pessoas estão se padronizando por si próprios, se alienam e xingam os outros de alienados. São como um cavalo que acha que é um pássaro, que voa que tem asas e penas.

segunda-feira, outubro 5

É o que eu tenho me pedido...

De uns tempos prá cá eu tenho me perguntado: porque não dizer aos outros? Dizer que você está bem ou mal. Dizer, comunicar como eu vejo certas coisas e como geralmente me comunico com o Mundo. É necessário se abrir de vez em quando. Ou então fingir que se abre, e empolgar num personagem imaginário.

A verdade é que tenho tido vontade de derrepente comunicar-me especialmente com outras pessoas que eu gosto ou que gostam de mim. Isso é bom, imagino. Quem sabe não é possível criar laços mais intensos ou acabar de vez com o que não tem mais jeito, ou que iria dar errado num futuro não tão distante.

Pergunto-me diariamente sobre um turbilhão de coisas, algumas vezes compartilho com Deus, pois são perguntas um tanto pertinentes. É meio complicado se expor, ou fingir esse ato. Mas de qualquer forma, se mostrar é difícil.

As pessoas têm sempre uma imagem de você, e quando te vêem de uma forma que não esperavam isso lhes dá um susto. É como ver alguém bom, santo, cometendo algo que nunca se esperou que ele fosse cometer. Isso não vem ao caso, mas é uma parábola que exemplifica bem a reação de algumas pessoas ao verem alguma coisa que não esperavam.


Por isso se você chegar a ver que não gostou, ou o que não esperava, acalma-se. Torne-se uma pessoa melhor e veja da forma como lhe foi permitido, experimente. Acredite, as pessoas vêem um turbilhão de coisas feias, erradas, inúteis e sem valor racional em você e nem por isso te dizem. Podem ser chamadas de falsas ou de pessoas que respeitam, mas a verdade é única: elas viajam constantemente. Pensando em você ou em alguma outra coisa.

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