quinta-feira, maio 12

O Pisca Alerta está Ligado



 
Não faz muito tempo que Chaplin filmou ‘Tempos Modernos’. O filme retratou a vida dos proletários pós III Revolução Industrial, no século retrasado. O clássico em preto e branco retratou parte da história nos cinemas com muita comédia muda. Chaplin mostrou como a vida havia se tornado fria e carente nos tempos de extensa jornada de trabalho e intensa mercantilização do ser humano pelo seu trabalho.

Nesse período o animal humano já era usado como coisa a ser negociada por meio da lei da oferta e procura de trabalho, numa sociedade extremamente atrasada, onde o acesso à educação era precário. A pessoas já eram claramente divididas entre classes e tinham a polícia pesadamente envolvida no controle social da população.  

Tudo isso foi retratado a tantos anos, no entanto, continua tão atual, e de certa forma, natural. Vivemos a aceleração desse processo com a negociação da nudez, do sexo, das companhias. É a repetição do passado com uma versão avançada do capitalismo. A briga entre o capital e o social tem repercutido um sistema em constante disputa.

Em termos da história humana, recentemente, a insatisfação com a mercantilização do sistema político, da biodiversidade e das relações humanas tem repercutido em centenas de manifestações no Brasil e pelo mundo. Lugares em que o povo também vivi a depreciação dos valores humanos, da ética e do respeito. Ambos sintomas mortais da ‘política empresarial’ que tomou conta das universidades, da justiça e da política.

A globalização acelerou a mercantilização da vida e tornou a população desatenta de valores culturais condizentes com a verdade humana. A política, a economia e a mídia se tornaram inimigas da ciência e de um estado de bem popular. Os valores socioeconômicos tem superado a igualdade humana, expondo pessoas a condições cada vez mais desumanas de existência.  

A vontade política, reflexo da vontade do povo, utiliza a massa ideologicamente popular como manobra na estabilização e aperfeiçoamento do sistema. A elite intelectual já está acostumada a operar muito bem esse sistema de exclusão e expropriação dos recursos, valores e riquezas sociais e naturais.

A solidificação dos partidos políticos em organizações com interesses privados patriarcalizou as ideias publicadas na mídia. Qualquer opinião ou pergunta que explore pensamentos discordantes pode ser taxada de agressiva ou politicamente incorreta. Chaplin parece ter prenunciado o mundo no qual vivemos, mas ainda assim o fez desconsiderando grande parte do sofrimento social.

Se o sistema pudesse ser comparado a um carro, diria que nesse momento estamos no acostamento, com o pisca alerta ligado porque o pneu furou e estamos trabalhando na sua manutenção. Talvez a troca de pneu não seja capaz de ilustrar a real mudança em curso e como ela tem sido capaz de se utilizar das crises para se fortalecer. Como costumam dizer, o buraco é sempre mais embaixo, no sentido de que o problema maior continua desconhecido, propositalmente apagado. 

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