sábado, outubro 2

Carcaça Humana.

O corpo em si não possui mistérios. Somos todos dotados dos mesmos atributos. Pouco ou quase nada muda se comparados. Pensando de uma forma mais brusca, nos assemelhamos a pedaços de carne que se movimentam pela rua. Estamos em quase toda parte, não ache que vai achar um lugar que outra pessoa já não esteve; que outra plataforma de carne, osso e sangue já não esteve.

Agora, aflorando pensamentos mais robustos ainda. Você e eu possuímos dois pares de extensões carnais, uns mais em cima, outros mais embaixo. Os braços e pernas são ligaduras deste corpo. Tentáculos que são usados como uma pinça de reconhecimento e de sobrevivência.

Precisamos do toque de outras carnes, de outras conjugações abstratas. Afinal de contas nosso corpo é organizado ou desorganizado? Mais parecemos uma gelatina com osso. Algumas partes somente de uma carne mais especial. Que não possuem as mesmas células do resto da carcaça de postura gelatinosa que é de sangue. Gelatina de sangue? Estranho, é tudo muito estranho!

Gordos, magros, esqueléticos, carnes desproporcionais, sem perna, sem braço, sem dedo. Pedaços de carne que vivem como animais do mato, que perdem um pedaço de si mesmos para sobreviver. Uns tem as coisas no lugar certo, outros não. Cabelos, olho, unhas, produtos de uma estrutura especifica no mínimo asquerosa.

Pense em um cordão fino, feito de gordura e água que às vezes fede, imagine uma bolota cheia de um suco asqueroso, uma lamina que acumula restos da carne que soa; produz horrendos odores. Afinal de contas... O que é esse corpo? Divino ou demoníaco? Nojento ou expressão de coisa boa.

Carne com carne. Pênis com vagina. Língua com boca. Troca. O corpo já foi odiado e adorado. Hoje em dia essa realidade é constante no cotidiano. Alguns mutilam seu próprio corpo, outros o abandonam. Histórias horripilantes de descaso com o corpo dão noticia de que o corpo, a carne, essa gelatina ossificada, nada é.

As carnes bonitas são musculosas, firmes, possuíam as coisas certas no lugar exato. A cor é bela, a textura é jovial, prazer, gostosa. Os fios são delicados e surge como efeito finalizante de todo um feitiço. Eles são o que são, tem o que tem, mostra o que aparenta. Os olhos perfeitos não se enganam e fazem sentir na alma o gozo de pensar nas carnes.

Continuando com nós, com as carnes. De onde foi que você veio! Como as coisas humanas podem ser tão distintamente opostas. Umas pretas, outras brancas ou ainda umas pardas. Caixas de salubre fechadas por um órgão parecido com um plástico esticado. Cabelos, bunda, fezes, lagrima, esperma, olhos, catarro e costas. Tudo isso numa mesma caixa. Tudo junto e misturado.

Seres somente nessa vida, ou também depois desta carne apodrecer? Haverá lugar para as almas que habitam nas carnes? Belo. Prazeroso. Pessoas que vivem para o prazer dos outros. Pague ela ou ele que tu terás prazer. Carne com pedaços de outras carnes. Peito, dedo, fígado, pinta e ouvido. Tudo num mesmo lugar é só procurar que você vai achar.

Não se limite pelo que lhe dizem, ouse extrapolar o que lhe dizem. Ouça o que vem de você, mas somente de você. Não de outras forças, sendo elas humanas ou não. Imagine-se autodomínio. Seja o que nasceu contigo. Procure esquecer tudo que já lhe disseram. Você é capaz de ser você mesmo, aceite esse desafio. Pense no corpo ou nas carnes como bem quiseres. Deus-Você-Eu te fez ser o que você é. O resto são os outros e o próprio diabo.

7 comentários:

A. T. disse...

Fiz esse texto em 2001.

Unknown disse...

Caro amigo, como diria o Jack Estripador, rs... vamos por parte, hehe!

Adorei o texto, rs... mas tive algumas nauseas durante a leitura, pois sou bem molenga com estas coisas de carne e sangue, rs... nunca serviria para ser médico... mas acho que bem mais do que descrever o corpo humano e suas percepções, vc leu em diversos momentos a alma do que, pelo menos esperamos ser.

Grato pela viagem constante!

Abraços,
Saudades,
Do amigo de sempre!

PS.: Nem todas as verdades de uma boca, podem ser verdades diante da realidade a qual é proferida.

Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Damasio disse...

Me senti desconcertado.
Já fui desmontado e remontado por este texto... ai... rs.

'Ótemo', como sempre.

Anônimo disse...

Que taleto para escrever Adenevaldo...
O texto me fez lembrar da Mairany, nossa amiga do CJ.
Lindo o texto viu?
E continue escrevendo sempre!

Natália Carneiro disse...

Que taleto para escrever Adenevaldo...
O texto me fez lembrar da Mairany, nossa amiga do CJ.
Lindo o texto viu?
E continue escrevendo sempre!

Aliz de Castro Lambiazzi **jornALIZta** disse...

Uau! Que texto, hein! Aliás, seu blog é muito legal! Gostaria de ter mais tempo para viajar mais aqui, ali, enfim... Adorei essa descoberta!
Obrigada também por visitar o meu Texto-Sentido. Há outros, ainda, mas estão desatualizaos, tadinhos! Eu não sou nada disciplinada...rs.
Claro que eu autorizo ser linkada por você. Inclusive, também vou linká-lo, tá bom?
Um beijo, sucesso e ótimas viagens a todos nós!

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