segunda-feira, fevereiro 15

Natureza da Mudança



 
Estamos vivendo e presenciando um momento de transição na História da sociedade. Direitos que são negados e outros que são cada vez mais exigidos. O protagonismo das mulheres, a liberdade sexual, práticas racistas e desastres ambientais são agendas que clamam por justiça há muito tempo. Talvez hoje estejamos assistindo o início da mudança, que apesar dos retrocessos legislativos recentes, não tem sido suficientes para matar a sede da sociedade por igualdade, solidariedade e respeito.

Mas resta indagar: para onde estamos indo? Onde essa mudança nos levará? Afinal de contas, que mudança estamos discutindo? Talvez seja mais urgente discutir a mudança que está acontecendo e o rumo que ela toma do que as próprias ideias utópicas de mudança. Todas as pessoas podem ver e entender a mudança, mas cada um enxerga de acordo com seus próprios interesses e personalidade. Querendo a mudança acontece, mas a quem ela tem favorecido?

Muitas pessoas cheias de inspiração e ânimo protagonizam momentos de liderança e libertação que apesar de emocionantes, nada ou muito pouco conseguem alterar. Certas mudanças, se feitas sem respeitar o tempo e a própria realidade que deseja mudar, certamente estarão fadadas a serem controladas pelo que deseja mudar. A mudança capaz de mudar realmente exige antes o entendimento e conhecimento do que se deseja mudar.

Embebidos no próprio mal que queremos ver, entender e vencer, muitas vezes acabamos fortalecendo e expandindo mudanças que não mudam de verdade. Algumas mudanças só carregam esse sentido no nome, porque na prática só servem para realçar características e situações que esperava ter eliminado. Por isso é preciso cuidado sobre a mudança que você defende e deseja ver implantada.

Certas mudanças são naturais e inquestionáveis, mas a maioria das mudanças quem faz é o ser humano. E mesmo que não se deseje mudança alguma, o mundo continuará girando e certamente teremos que nos adaptar para sobreviver. Mesmo assim é direito de toda pessoa fazer sua escolha antes que seja escolhido e a partir disso, definir de qual mudança deseja fazer parte: a que muda de fato ou a que muda somente a embalagem.

No enfoque das mudanças produzidas pelo homem, existe uma divisão bastante clara da mudança que certos grupos querem para o mundo. Os movimentos sociais, militantes e ativistas desejam fazer a mudança e se esquecem que planejam mudar o mundo dentro do próprio mundo que desejam mudar. Já os empresários, bancários e políticos apesar de inovar, nada mudam, troca-se de visual, mas as estruturas continuam as mesmas.  

A verdade é que a mudança tem perdido seu efeito sobre as ações humanas. Mudamos e mudamos, mas continuamos os mesmos. Convivendo com medos, manias e hábitos que apesar de reconhecidamente burros, existem desde o início dos tempos e dominam nossas práticas cotidianas. A banalização do poder da mudança tem cristalizado convicções retrógadas e acostumado a mudar a aparência sem modificar as raízes dos nossos condicionamentos.            

As mudanças de hoje só poderão ser sentidas com o tempo. Talvez as coisas mais loucas sejam as mais lúcidas e as mudanças que pareciam catastróficas a solução. Da mesma forma que certas mudanças defendidas apenas reforçam o poder do que se deseja ver alterado. Quando não houver nenhuma dúvida ou insegurança da mudança que se deseja, tome cuidado. Grandes mudanças não começam com radicalismos e grandes certezas, mas sim com ideias simples e pequenos gestos.

quinta-feira, fevereiro 4

Narcos






Conheça a história de um colombiano popular e ousado que chegou a traficar cocaína para Los Angeles e faturar $ 420 milhões de dólares por semana e acumular uma fortuna estimada em $ 30 bilhões de dólares. Pablo Escobar, figura principal da série “Narcos” produzida pela Netflix, foi um homem que apesar da aparência populista, movimentou o mundo das drogas na Colômbia e causou conflitos internacionais com os EUA.

Estrelada pelo brasileiro Wagner Moura, produzida e dirigida por José Padilha (Também brasileiro e diretor do filme Tropa de Elite), a série reacendeu o interesse mundial na figura de Pablo Emilio Escobar Gaviria. Traficante colombiano da década de 1980 a 1990 que comandou e expandiu o Cartel de Medellín na produção de drogas, principalmente cocaína, sob diversos acampamentos escondidos debaixo da copa das árvores nas florestas tropicais do seu país.

A atração é apresentada pelo ponto de vista de um agente do DEA (Órgão do governo dos Estados Unidos que combate ao narcotráfico), que decide se mudar para Bogotá investigar e finalizar o negócio criminoso de Pablo Escobar. A investigação começa depois que Escobar começa a transportar toneladas de cocaína através de um jatinho para Los Angeles, causando um verdadeiro problema de saúde pública com o surgimento de assassinatos, overdoses e mortes de jovens, além da enorme evasão de dólares americanos para a colômbia através do tráfico internacional.

No auge do seu império exportador de drogas para os EUA, sem ter onde guardar ou investir todo o dinheiro arrecadado com o tráfico, Escobar chega a enterrar e mapear milhões de dólares em suas propriedades no campo. Mais tarde a revista Forbes colocou seu nome entre os mais ricos do planeta. A série apresenta Escobar nas suas principais facetas: de impiedoso traficante e homem de família que deseja ajudar o povo. Seus interesses políticos e o apoio popular chegaram inclusive a indicá-lo como figura presidencial do país, o que mais tarde se mostrou inviável, justamente pela natureza criminosa de suas atividades.         

A falta de fluência em espanhol do ator Wagner Moura foi uma observação bastante comentada por quem já assistiu a série. A produção também foi criticada por não estabelecer um roteiro definido nos primeiros capítulos, se trata de um documentário dramático ou romance. A equipe do G1 em matéria comentando o sucesso da série, acrescentou que apesar de boa, a série não tem o mesmo ingrediente viciante característico das séries da produtora.   

A série foi produzida como parte de uma parceria entre a Netflix e a Gaumont International Television e apresentou a vida de Pablo Escobar com atenção na produção e comercialização de drogas no continente americano. A produção chega a esclarecer algumas obscuridades do tráfico de drogas com cenas que vão desde a plantação da coca até o preparo da cocaína, ou ainda de Escobar plantando ou fumando maconha. Outro ponto chamativo da trama é o apoio que a população dá ao traficante quando o DEA tenta prendê-lo, a atuação americana era vista como intervenção nas questões nacionais internas.

A bem da verdade, a pobreza e a corrupção tornou o próprio Estado colombiano e sua polícia ineficazes frente ao poder de capital levantado por Escobar. Com o passar dos anos ele conseguiu controlar todos os aspectos necessários para proteger seu negócio das interferências e exigências legais. Talvez por essas nuances contraditórias ou pela falta de um estilo cinematográfico definido, a série acaba permitindo uma análise tanto do personagem, quando do próprio contexto político social do país naquele momento, o que faz valer a pena assistir.    

A série Narcos é um incômodo para Sebastian Marroquín, filho do legítimo Pablo Escobar que deu declaração à Folha de São Paulo, alegando que os responsáveis pela produção usaram a imagem de seu pai sem que a família consentisse. "Queria saber do senhor Padilha como ele reagiria se eu escrevesse uma história da vida dele sem ele saber", provocou o colombiano radicado na Argentina. O diretor rebateu as críticas.

A segunda temporada da série foi confirmada pela Netflix e deve estrear em 2016, a primeira série já está disponível e tem 10 episódios.

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