Não
há ninguém igual a ninguém. Nem mesmo gêmeos são a mesma pessoa. Cada indivíduo
nasce com uma visão particular da realidade. Por mais óbvio que isso possa
parecer, cada vez mais a diferença perde espaço para que é comum. Em tempos de
globalização, aumenta a padronização e diminui a diversidade.
Mesmo
a diversidade se tornou uma característica que tece a diferença com
indiferença. As ovelhas negras tão cultuadas, estão sendo sacrificadas. Com
tantos remédios e técnicas de condicionamento, até os esquisitos estão se
convertendo em pessoas pseudo normais. Os diferentes estão sofrendo represália
do sistema.
Todos
que almejam liberdade e buscam sua própria verdade estão sendo compactados. A
diferença foi apadrinhada como uma tolice, uma perca de tempo que gera o atraso
do desenvolvimento. Como sempre, tem surgido uma visão redentora que tenta,
segundo seus seguidores, pelo bem geral da humanidade, colocar todo mundo nos
trilhos com o rolo compressor da igualdade.
O
que é normal não é comum, as diferenças precisam ser notadas para haver
respeito. É comum pensar no bem da comunidade isolando quem não se enquadra, assim,
como se algumas pessoas simplesmente não fossem normais. Vivemos sob o peso de
seguir um padrão de comportamento, ação e reação, uma resposta da globalização
a todos nós.
É
uma verdade bastante traumática aceitar que somos diferentes e iguais ao mesmo
tempo. Ainda vivemos tão iludidos com a ideia de uma comunidade onde as pessoas
sejam iguais, que as diferenças normais a todos têm sido penalizadas. Enquanto
isso brotam estereótipos gerando discriminação do que não é comum.
A
violência, o uso da força e as piadinhas pejorativas e maldosas que culpam as
pessoas por serem quem elas são, fazendo-as se sentirem erradas, sujas e
deturpadas. Criam tabus, abrindo vazão às coisas que não existem, complicando o
que sempre foi normal.
Sempre
houve tentativas de padronizar a sociedade, custando a vida de milhares de
pessoas. Pior que o nazismo, tem sido o capitalismo, que estabelece a
padronização como um valor moral, comportamental e de superioridade.
Cada
pessoa possui um jeito próprio de se expressar e fazer coisas habituais, mas
isso quase nunca é respeitado. E começa dentro de casa, no seio familiar. Os
pais têm seus filhos para cativar suas próprias vaidades. Dizem que se trata de
amor, mas não deixam que seus filhos expressem suas vontades.
Numa
sociedade que valoriza a capacidade de se tornar semelhante do outro, nem
sempre as diferenças são desejadas ou esperadas. A única coisa que se espera é
a reinvenção do que se vive atualmente. Nenhuma novidade, sem espaço para
criatividade.
Ultimamente
nada que é novo, é inovador. O novo já nasceu velho e o que temos hoje não é
capaz de implodir a estrutura do habitual. Vivemos o regime do sistema que
controla para replicar um mundo aparentemente livre.
Os
homens do capital têm controlado os recursos da vida e exigido que se continue a
repetir o que é comum em troca da sobrevivência. Obrigando que eu e você
sejamos repressores de nós mesmos para ter o direito de viver. Esse torturante
processo de repetir as mesmas coisas em nome da comunidade, tem enlouquecido as
pessoas sãs.
Se
há algo que precisamos perceber é que normal é ser diferente. Simplesmente é a
natureza da vida. Nada mais. Temos negado a normalidade humana na sua
diversidade nada padronizada, quando na verdade a realidade reflete o
contrário, somos multifacetados. Nada parecidos e ao mesmo tempo, semelhantes.