A beleza contaminou tudo, desde o
que vamos comer até o que vamos vestir. Todos queremos ter corpos belos, ter
uma boa aparência, porque assim a vida fica mais fácil e começa a fazer mais sentido:
refletir beleza. São muitos os apelos e diversos os casos, mas em especial e de
forma crescente, o estilo de vida fitness ganha a adesão de pessoas de todas as
gerações. O que antes era um conselho medico, de se exercitar, se tornou um
verdadeiro gancho da vaidade humana.
Frequentar uma academia em busca
de um corpo torneado, “malhado”, definido por assim dizer, primeiro demonstra
que todas as propagandas e avançadas estratégias de marketing tem dado certo. A
banalização da vida e a celebrização do espetáculo, fazem crescer o hedonismo
naturalizado e cativado, como postura de identidade no mundo. Existe um bom
mercado econômico e financeiro explorando esse tipo de consumo, utilizando
formas cada vez mais aprimoradas de aumentar seus ganhos.
É preciso saber a diferença entre
saúde e alienação. A busca excessiva por saúde pode se tornar uma alienação,
mas a por ter uma rotina fitness em busca de um corpo perfeito já é alienação.
Naturalmente que uma rotina equilibrada com alimentação saudável, exercícios
físicos, lazer e relações de qualidade podem trazer um bem-estar e realização.
Agora quando tudo se transforma numa doutrina incapaz de preparar também, para
uma consciência ampliada da existência, se torna uma alienação ainda mais
arraigada.
Se as coisas começam a ser
organizadas milimetricamente programadas para atender a expectativa pessoal de
atingir determinada perfeição, perde-se o contato com o outro, com o valor real
da vida que está no compartilhamento de experiências. A padronização estética
presente nos ideais de perfeição reforçam uma categoria ideológica egocêntrica
e excludente. Sem ser capaz de estabelecer pontes relacionais sinceras, não
somos capazes de entender quem somos e quem são as outras pessoas.
A busca pela perfeição por si só
já é imperfeita, porque estabelece um centro de verdade que ainda não é capaz
de perceber que não existe verdade. Existem compreensões compartilhadas de
mundo que só encontram sua afirmação em si mesmas, com os seus semelhantes, talvez
por isso mesmo são sejam capazes de se aproximar ou explicar aqueles que são
diferentes. Toda essa complexidade está presente quando se discute esse cenário
dos ritos de perfeição, incluindo pelo corpo belo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário